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CCBB-SP recebe mostra de cineastas que fizeram as próprias trilhas sonoras
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Disse o cineasta francês Abel
Gance que existem dois tipos
de música, "a música dos sons e
a música da luz, que nada mais
é do que o cinema". Natural,
então, que alguns diretores tomem para si a tarefa de compor
a trilha de seus filmes, tornando ainda mais pessoal a relação
entre imagens e banda sonora.
Apaixonado por trilhas, o crítico Fabio Yamaji assina a curadoria da mostra "Luz, Câmera,
Música: Cineastas Compositores", em cartaz a partir de hoje
no Centro Cultural Banco do
Brasil. "Sou cinéfilo e adoro colecionar trilhas", diz Yamaji.
"Escolhi sete diretores-compositores, todos independentes,
cada um de um país", conta.
São eles o espanhol Alejandro Amenábar, o sérvio Emir
Kusturica, o americano Hal
Hartley, o inglês Mike Figgis, o
alemão Tom Tykwer, o argelino Tony Gatlif e o brasileiro
Carlos Reichenbach.
Para Reichenbach, que além
de cineasta é fotógrafo e compositor, conceber a música foi
um movimento natural: "Sempre vi o cinema como uma combinação de outras manifestações, e a trilha já é imaginada na
própria escritura do roteiro,
nunca como mero fundo".
O cineasta teve uma formação musical clássica traumática. "Tive um professor sádico,
que usava a palmatória. Parei
com as aulas e me tornei autodidata. Minha relação com a
música virou uma coisa instintiva." No período dos anos
Collor, "quando o cinema acabou", voltou a estudar música
com Wilson Sukorski, que introduziu o uso do computador
na composição e nos arranjos.
Fábio Yamaji conta que essa
deverá ser a primeira de uma
série de mostras e que, nas próximas, deve contemplar a relação entre grandes diretores e
compositores, como David
Lynch e Angelo Badalamenti e
M. Night Shyamalan e James
Newton Howard, por exemplo.
LUZ, CÂMERA, MÚSICA: CINEASTAS COMPOSITORES
Quando: de hoje a 31/8
Onde: CCBB-SP (r. Álvares, Penteado,
112, tel. 3113-3651); veja programação
completa e classificação indicativa em
www.bb.com.br/cultura
Quanto: grátis a R$ 4
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