São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008 |
Próximo Texto | Índice
Tragédia de "Butterfly" volta a SP
Com ingressos esgotados no Municipal, ópera tem regência de Jamil Maluf e cenários de Tomie Ohtake
JOÃO BATISTA NATALI DA REPORTAGEM LOCAL Os paulistanos, em definitivo, não conseguem ficar muito tempo distantes de "Madama Butterfly". A ópera de Giacomo Puccini (1858-1924), com duas produções nos últimos nove anos, ganha uma terceira, a partir de hoje, no Teatro Municipal de São Paulo. Prova da popularidade dessa ópera: mesmo antes da estréia, foram vendidos os 7.500 ingressos, ou seja, a lotação do teatro nas cinco récitas. A Orquestra Experimental de Repertório e o Coral Lírico estarão sob a regência de Jamil Maluf. A direção cênica é de Jorge Takla; os cenários, de Tomie Ohtake; os figurinos, de Fábio Namatame; e a coreografia, de Susana Yamauchi. A história é a da jovem Cio-Cio-San, cognominada Butterfly (borboleta), seduzida por Pinkerton, comandante de um navio da Marinha americana que aporta em Nagasaki. Mesmo amaldiçoada pela família, Butterfly aceita unir-se ao militar, num "casamento" que ela é a única a levar a sério. Pinkerton zarpa em seguida e por três anos não dá notícias. Reaparece com sua mulher americana. Pede a guarda do filho que não sabia ter gerado durante a efêmera aventura. Butterfly o entrega e se mata com uma punhalada no estômago. É o fim trágico das heroínas puccinianas, como Flora Tosca ou Manon Lescaut. A ópera estreou em Milão, em 1904. Puccini trabalhou com um libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, que por sua vez se basearam no conto "Madame Butterfly", publicado em 1898 por John Luther Long, em seguida transformado em peça de teatro por David Belasco. O maestro Jamil Maluf insiste para o fato de a ópera não estar comemorando o centenário da imigração japonesa. Em verdade, nem faria sentido, pois Cio-Cio-San se vê inferiorizada pelo abandono. Trata-se de comemorar os 150 anos do nascimento de Giacomo Puccini. Uma ópera de emoção "Butterfly" não é uma ópera de ação. "É uma ópera de emoção pura", diz o maestro. Essa emoção transparece por meio de palavras que Puccini retrabalhou ao ter sido reconhecido pela primeira vez como "um dos maiores orquestradores da história da ópera". "A orquestração dele é deslumbrante." Tomie Ohtake já havia desenhado o cenário de uma "Butterfly" encenada no final dos anos 80 em Belo Horizonte, Brasília e São Paulo. Trabalho encantador porque -ela agora retoma a mesma concepção- era um conjunto de painéis que dava ao palco uma concepção abstrata do espaço. Os painéis são modificados ao longo do drama pelas mudanças de iluminação. Fugia-se do estereótipo da casinha japonesa ao lado de uma linda cerejeira. Revezam-se no papel de Butterfly Eiko Senda e Laura de Souza. Pinkerton será cantado por Paul Charles Clarke e Marcello Vannucci. No elenco também estarão Silvia Tessuto, Lício Bruno, Sérgio Weintraub, Pepes do Valle, Jang Hoo Joo, Keila de Moraes, Márcio Maragon e Diógenes Gomes. MADAMA BUTTERFLY Quando: dias 21, 23, 25 e 27, às 20h30; dia 29, às 17h Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 3222-8698; classificação: 5 anos) Quanto: de R$ 20 a R$ 40 (ingressos esgotados) Próximo Texto: Municipal passa récita em telão Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |