São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2011

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Balé de Leipzig monta liturgia no palco

Grupo alemão traz ao Brasil "A Grande Missa", de Uwe Scholz, inspirado em composição inacabada de Mozart

Bailarina brasileira integra turnê que faz parte da programação do centenário do Theatro Municipal

Andreas Birkigt/Divulgação
Cena de "A Grande Missa", do alemão Uwe Scholz (1958-2004), com música de Mozart, dançado pelo Balé de Leipzig

AMANDA QUEIRÓS
DE SÃO PAULO

Os rituais sacros que tanto inspiraram compositores ao longo de séculos ganharam contornos de dança nas mãos do coreógrafo alemão Uwe Scholz (1958-2004).
"A Grande Missa" é o espetáculo que o Balé de Leipzig apresenta de hoje a sábado dentro das comemorações do centenário do Theatro Municipal de São Paulo.
Baseada na composição inacabada "Missa em Dó menor", de Mozart (1756-1791), a peça transporta a força da música sacra e coral para os 38 bailarinos do grupo.
"Tanto a coreografia quanto a música carregam a estrutura de uma liturgia sacra. A composição de Mozart tem na dança uma parceira e, com ela, ganha nova possibilidade de interpretação", afirma o diretor Mario Schröder.
No palco, isso se traduz em movimentos baseados nas técnicas clássica e moderna que, afinados, mostram como passos sincronizados, dançados por muitos bailarinos ao mesmo tempo, conferem peso solene a este tipo de tradição.
Para Schröder, o grande feito de Scholz foi se aproveitar das imagens que a música de Mozart evoca. Isso se dá, no entanto, sem o engessamento da obra musical.
Como a partitura foi deixada incompleta pelo compositor austríaco, o coreógrafo se valeu também de faixas de Thomas Zahn, György Kurtág e Arvo Pärt, além de trechos recitados do poeta alemão Paul Celan (1920-1970).
Cenicamente, o balé se divide em dois momentos. Em um, a liturgia é demarcada por figurinos na cor branca. No outro, os dilemas da contemporaneidade ganham corpo e são dançados em bailarinos vestidos de preto.
"Meu objetivo com este grupo é fazer com que a dança deixe um testamento capaz de refletir sobre a vida e a arte", diz o diretor. A passagem do grupo alemão por São Paulo é uma rara oportunidade para o público brasileiro entrar em contato o trabalho de Scholz, pouco conhecido no país.

TOQUE NACIONAL
Há um tempero nacional na turnê do Balé de Leipzig. Uma das solistas do grupo é a ribeirão-pretense Isis Calil de Albuquerque, 27. "A maior parte da peça é como se fosse uma oração. A outra fala mais do lado humano, é mais 'dark'. É uma peça que discute os contrastes entre os diversos lados do ser humano", explica ela.

A GRANDE MISSA
QUANDO de hoje a sex., às 21h, sáb., às 20h; até 24/9
ONDE Theatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 3397-0327)
QUANTO de R$ 15 a R$ 70
CLASSIFICAÇÃO livre


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