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"A FORMA E A IMAGEM TÉCNICA NA ARTE DO RIO DE JANEIRO: 1950-1975"
Exposição está em cartaz até 5/10
Paço mostra experimentalismo carioca
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
A mostra sobre arte e tecnologia carioca é descuidada. O
Paço reúne obras de interesse histórico, mas abandona o conjunto
por falta de critérios expositivos.
O título designa erroneamente o
acervo reunido. Chama-se "A
Forma e a Imagem Técnica na Arte do Rio de Janeiro: 1950-1975",
embora tenha obras de até 1999. O
texto introdutório é vago e não
justifica a extensão do período
anunciado. A fotografia é descrita
como modelo da caracterização
do uso da tecnologia no âmbito
artístico.
Apesar da amplitude temática, a
curadoria apresenta exemplos da
superação das mídias artísticas
tradicionais, como a pintura. O
experimentalismo técnico prova-se característico entre cariocas,
como defendia a Nova Objetividade Brasileira nos anos 60.
A sequência de abertura explora
três usos da fotografia. A montagem surrealista de Athos Bulcão
adentra a Guerra Fria espalhando
irracionalidade hollywoodiana
entre 1952 e 53. O registro da performance "Aos Poucos" (1974),
de Anna Maria Maiolino, retrata
uma mulher que tem os olhos sob
uma venda que escorrega da testa
ao queixo. A apropriação de cartões-postais serve de base para
um arranjo geométrico na colagem de Aloísio Magalhães, em
1977.
Outro foco de atenção está nas
engrenagens. No meio do salão,
posta-se a "Hemorragia IV"
(1986), de Maurício Salgueiro. A redemocratização brasileira é saudada
por um paralelepípedo
vibratório de metal por
cujas laterais escorre uma
resina sanguínea, aparada na base por uma calha
de coagulação. Adiante,
um "Cinecromático"
(1960) e dois objetos cinéticos, de
Palatnik, representam a vertente
lúdica do mecanismo.
As duas "Esculturas Luminosas" (1964), de Maurício Nogueira
Lima, colocam em evidência a internacionalização do diálogo
construtivo. Lâmpadas fluorescentes paralelas servem de medida para os objetos.
A secura dos filmes dos anos 70
é reencontrada em cabines de exibição. Há exemplares de Antônio
Manuel ("Semiótica", 1975), Anna Maria Maiolino ("Y", 1974),
Ivens Machado, Letícia Parente,
Lygia Pape e Sônia Andrade.
Contudo as pesquisas mais recentes não justificam a inclusão
na mostra coletiva. "Recortes"
(1994/98), de Ana Vitória Mussi, e
"Conduit" (1999), de Sonia Andrade, são experimentos escolares das mídias apresentadas, impressão e videoinstalação.
O Paço repete a dificuldade de
lidar com a própria arquitetura. O
arranjo espacial é confuso, e o solo, permeado de fitas amarelas
que isolam a fiação das obras. Há
interferência sonora constante de
exposição paralela.
A Forma e a Imagem Técnica na
Arte do Rio de Janeiro: 1950-1975
Onde: Paço das Artes (av. da
Universidade, 1, Butantã, região oeste,
tel. 3814-4832)
Quando: de ter. a sex., das 11h30 às
18h30; sáb. e dom., das 12h30 às 17h30;
até 5/10
Quanto: entrada franca
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