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Crítica
Feito para TV, "Um Crime Americano" oscila entre o documental e o ficcional
Divulgação
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Elle Page e Catherine Keener em cena de "Um Crime Americano"
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SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
S
e "Um Crime Americano" fosse idéia de um roteirista, haveria quem o
acusasse de oportunismo por
imaginar trama que envolve
desequilíbrio psíquico, fragilidade emocional, dificuldades
financeiras, paternidade irresponsável, gravidez precoce, fanatismo religioso e sadismo infanto-juvenil.
Perto do que crianças e adolescentes fazem ali, o que hoje
se considera "bullying" seria
inocente. A história recriada
pelo filme, no entanto, é verídica: o diretor Tommy O'Haver
("Uma Garota Encantada") e
sua co-roteirista Irene Turner
trabalharam sobre os registros
legais do "caso Gertrude Baniszewski", ocorrido em 1965, em
Indianápolis.
Duas irmãs adolescentes
(Ellen Page, de "Juno", e Hayley McFarland) são deixadas
por algum tempo pelos pais,
que viajam com um circo, aos
cuidados de Gertrude (Catherine Keener, de "Quero Ser John
Malkovich" e "Capote"). Ela
parece alguém de confiança: vai
à igreja, cuida sozinha de sete
filhos, trabalha como passadeira de roupas.
Gertrude hospeda as irmãs
em troca de US$ 20 semanais.
Seus sete filhos se entendem
bem com as visitas e tudo caminha em direção a um período
de alegre convivência suburbana entre crianças e adolescentes em doce lar norte-americano, mas o que vem depois é uma
viagem estarrecedora a partes
sombrias da natureza humana.
O impacto da história é superior, contudo, à maneira encontrada para recontá-la. Produzido para a TV, "Um Crime Americano" dá a impressão de não
saber direito como lidar com
tamanho vespeiro ético (o que
mostrar e o que esconder?) e
oscila entre uma adaptação de
abordagem documental e uma
leitura mais livre do que, de fato, ocorreu.
Avaliação: regular
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