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Ilustrações, charges, HQs e caricaturas descrevem 170 anos do cotidiano do Brasil
Ataque de risco
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Tendo sempre caminhado com
a imprensa, a ilustração de humor
acompanhou de perto no Brasil
circunvoluções políticas e sociais,
mudanças que, repentinas ou
paulatinas, foram registradas e
apontadas por desenhistas.
Um período de cerca de 170
anos dessa relação é coberto pela
mostra "Traço, Humor e Cia.",
que exibe, na Faap, desenhos e
gravuras originais, além de painéis com ampliações, revistas e gibis em que o traço é, ao mesmo
tempo, personagem principal e
narrador de várias histórias brasileiras, além da trajetória da própria imprensa e do refinamento
das técnicas de impressão.
"A imprensa sempre foi o veículo principal da ilustração de humor, e suas mudanças gráficas se
refletem nos desenhos. A inclusão
das cores e as formas de tentar utilizá-las são um exemplo disso",
explica Denise Mattar, responsável pela curadoria da exposição,
enquanto mostra a reprodução da
capa de um número de "A Bruxa", que, segundo a curadora, foi
a primeira revista a imprimir em
bicromia e, depois, em tricromia
no Brasil, em 1895.
A reprodução da capa de "A
Bruxa" está em painel com publicações que vão de 1831 até este
ano em que a ilustração está presente. Os gêneros são diversos, de
revistas femininas a almanaques
infantis, de semanários de política
a revistas culturais bissextas. "Pode-se notar que aqui há poucas
publicações dos anos 40 e 50, pois
nessa época havia um predomínio da fotografia", aponta Mattar.
Ao longo de 11 núcleos, o visitante perpassa movimentos sociais e tipos urbanos e políticos,
que estiveram presentes, caricaturados, nas páginas de jornais e revistas brasileiros.
No módulo "O Traço Brasileiro", que abre a exposição, estão os
originais de cerca de 40 artistas
que deram vida à combinação
traço-humor no país, como os
trabalhos de Di Cavalcanti, J. Carlos, Millôr, Belmonte, K. Lixto,
Voltolino e Péricles.
Em "Sedução e Exclusão", forma-se um curioso panorama da
visão da mulher pela imprensa,
das sufragistas às melindrosas dos
anos 20, principalmente as coquetes de J. Carlos, passando pelas
Garotas do Alceu, criadas por Alceu Penna em 1938, até a Radical
Chic, personagem de Miguel Paiva nascida em 1982.
Na "Galeria do Poder", estão caricaturas de governantes e daqueles que os orbitam. No espaço, cuja cenografia reproduz a bandeira
do Brasil, está também uma galeria de caricaturas de ex-presidentes, selecionadas pelo Museu de
Artes Gráficas de São Paulo.
Da cenografia, criada por Guilherme Isnard, talvez o ponto
mais alto seja o núcelo "O Beco do
Riso Mau", cujas paredes foram
desenhadas por Angeli especialmente para a mostra. O módulo
abriga a Rê Bordosa e os Skrotinhos, de Angeli, os Piratas do Tietê, de Laerte, e Geraldão e os Neuras, de Glauco -os três cartunistas da Folha. Há ainda o Amigo
da Onça, desenhado inicialmente
por Péricles e, após a sua morte,
por Carlos Estevão, além do Fradim, de Henfil, todos unidos em
algo que mistura cinismo, sadismo, neuroses e bastante humor.
TRAÇO, HUMOR & CIA. Quando: de ter.
a sex., das 10h às 21h; sáb. e dom., das
13h às 18h; até 29/6. Onde: Faap - salão
cultural (r. Alagoas, 903, Higienópolis,
tel. 3662-7198). Quanto: entrada franca.
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