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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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Ilustrações, charges, HQs e caricaturas descrevem 170 anos do cotidiano do Brasil

Ataque de risco

ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Tendo sempre caminhado com a imprensa, a ilustração de humor acompanhou de perto no Brasil circunvoluções políticas e sociais, mudanças que, repentinas ou paulatinas, foram registradas e apontadas por desenhistas.
Um período de cerca de 170 anos dessa relação é coberto pela mostra "Traço, Humor e Cia.", que exibe, na Faap, desenhos e gravuras originais, além de painéis com ampliações, revistas e gibis em que o traço é, ao mesmo tempo, personagem principal e narrador de várias histórias brasileiras, além da trajetória da própria imprensa e do refinamento das técnicas de impressão.
"A imprensa sempre foi o veículo principal da ilustração de humor, e suas mudanças gráficas se refletem nos desenhos. A inclusão das cores e as formas de tentar utilizá-las são um exemplo disso", explica Denise Mattar, responsável pela curadoria da exposição, enquanto mostra a reprodução da capa de um número de "A Bruxa", que, segundo a curadora, foi a primeira revista a imprimir em bicromia e, depois, em tricromia no Brasil, em 1895.
A reprodução da capa de "A Bruxa" está em painel com publicações que vão de 1831 até este ano em que a ilustração está presente. Os gêneros são diversos, de revistas femininas a almanaques infantis, de semanários de política a revistas culturais bissextas. "Pode-se notar que aqui há poucas publicações dos anos 40 e 50, pois nessa época havia um predomínio da fotografia", aponta Mattar.
Ao longo de 11 núcleos, o visitante perpassa movimentos sociais e tipos urbanos e políticos, que estiveram presentes, caricaturados, nas páginas de jornais e revistas brasileiros.
No módulo "O Traço Brasileiro", que abre a exposição, estão os originais de cerca de 40 artistas que deram vida à combinação traço-humor no país, como os trabalhos de Di Cavalcanti, J. Carlos, Millôr, Belmonte, K. Lixto, Voltolino e Péricles.
Em "Sedução e Exclusão", forma-se um curioso panorama da visão da mulher pela imprensa, das sufragistas às melindrosas dos anos 20, principalmente as coquetes de J. Carlos, passando pelas Garotas do Alceu, criadas por Alceu Penna em 1938, até a Radical Chic, personagem de Miguel Paiva nascida em 1982.
Na "Galeria do Poder", estão caricaturas de governantes e daqueles que os orbitam. No espaço, cuja cenografia reproduz a bandeira do Brasil, está também uma galeria de caricaturas de ex-presidentes, selecionadas pelo Museu de Artes Gráficas de São Paulo.
Da cenografia, criada por Guilherme Isnard, talvez o ponto mais alto seja o núcelo "O Beco do Riso Mau", cujas paredes foram desenhadas por Angeli especialmente para a mostra. O módulo abriga a Rê Bordosa e os Skrotinhos, de Angeli, os Piratas do Tietê, de Laerte, e Geraldão e os Neuras, de Glauco -os três cartunistas da Folha. Há ainda o Amigo da Onça, desenhado inicialmente por Péricles e, após a sua morte, por Carlos Estevão, além do Fradim, de Henfil, todos unidos em algo que mistura cinismo, sadismo, neuroses e bastante humor.


TRAÇO, HUMOR & CIA. Quando: de ter. a sex., das 10h às 21h; sáb. e dom., das 13h às 18h; até 29/6. Onde: Faap - salão cultural (r. Alagoas, 903, Higienópolis, tel. 3662-7198). Quanto: entrada franca.

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