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35º FESTIVAL DE INVERNO
Apresentação tem violinista prodígio e peça de Marlos Nobre, compositor-residente do evento
Encerramento tem música clássica a R$ 2
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Com o frio que tem feito em São
Paulo, parece bem lógico que o
encerramento do 35º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão seja por aqui mesmo. Mas quem estiver com preguiça de sair de casa tem como estímulo adicional para largar o
edredon e ir ao concerto um preço bem atraente: uma notinha
azul de dois reais. Quase o mesmo, portanto, que custa o bilhete
unitário de metrô (R$ 1,90) que
deixa o usuário na estação da Luz,
a poucos metros da Sala São Paulo, local do concerto.
Para quem ainda não conhece o
famoso teto móvel, a chamada do
público por trompetes (entoando
um trecho da ópera "Lo Schiavo",
de Carlos Gomes) e as colunas da
antiga estação Júlio Prestes, convertida em sala de concertos,
apresenta-se agora, portanto,
uma das mais propícias ocasiões
para ir até lá.
Vale lembrar que os ingressos
para as apresentações regulares
da Orquestra Sinfônica do Estado
de São Paulo na sala custam entre
R$ 22 e R$ 70 e que, no caso de
concertos de orquestras internacionais, estes valores chegam facilmente a três dígitos.
Repetindo o programa feito anteontem à noite no auditório
Cláudio Santoro, em Campos do
Jordão, a Sala São Paulo abriga
hoje, às 17h, apresentação dos
mais de 90 bolsistas -alguns
com 12 anos de idade, mas com
média em torno de 23- que estarão formando a Orquestra Acadêmica do Festival, e se apresentam
sob a batuta de Roberto Minczuk
(pronuncia-se "mintchúk"), diretor artístico do evento até 2006, e
que ocupa também os cargos de
diretor artístico adjunto e regente
associado da Osesp.
Regente
Minczuk gravou com a orquestra, pelo selo escandinavo Bis, a
integral das nove "Bachianas Brasileiras", de Villa-Lobos, um conjunto de três CDs com lançamento previsto ainda para este ano.
Além disso, ele deve reger, como
convidado, a Filarmônica de Israel, no ano que vem; e tem desenvolvido o trabalho de regente
associado com a Filarmônica de
Nova York.
O programa começa com "Kabbalaah", peça especialmente escrita para a ocasião pelo pernambucano Marlos Nobre, 65, que,
neste ano, foi o compositor-residente do festival. Nobre ministrou aulas de composição em
Campos do Jordão e teve várias de
suas peças executadas durante o
evento.
Em seguida, sobe ao palco o violinista Eugene Ugorski, 15, mais
jovem do que a maioria da orquestra que o acompanha. Nascido em São Petersburgo, de família
musical (ele costuma se apresentar em trio com Valeri Ugorski,
flautista, e Luba Ugorski, pianista), Ugorski mudou-se aos cinco
anos de idade para os EUA, onde
está realizando seus estudos musicais. Ele tinha marcada para ontem, em Campos do Jordão, uma
apresentação com um pianista
brasileiro de sua mesma idade, o
catarinense Pablo Rossi, que tocou na abertura do festival.
Prodígio
O violinista estreou com orquestra aos nove anos, ganhou alguns concursos norte-americanos e tocou neste ano, com a Boston Pops, a mesma obra que apresenta hoje por aqui o popular, vibrante e intenso concerto para
violino de Tchaikovski.
Mantendo a estética romântica
eslava da segunda metade do século 19, o programa termina com
a riqueza melódica da "Sinfonia
n.8" do mais popular compositor
tcheco de todos os tempos: Antonín Dvorák, cujo centenário de
morte está sendo celebrado em
2004.
CONCERTO DE ENCERRAMENTO. Com
Eugene Ugorski, violino, e a Orquestra
Acadêmica do Festival, regida por
Roberto Minczuk. Quando: hoje, às 17h.
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes,
s/nº., tel. 3337-5414). Quanto: R$ 2
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