DIEGO ASSIS
DA REDAÇÃO

Ninguém mais duvida da força do movimento hip hop em São Paulo. Quase todo mês, com o apoio de associações culturais e do próprio poder constituído, as ruas da cidade têm sido tomadas por rappers, DJs, dançarinos e grafiteiros, devolvendo à população um conceito que parece esquecido na correria dos grandes centros e nos noticiários policiais: a noção de espaço público.
Hoje, não será diferente: a partir das 15h, o Brás é palco do lançamento da segunda edição do Projeto Cultura na Rua - Festival de Rap 2002, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura e coordenado pelo músico Clemente Nascimento, 39 (vocalista do veterano grupo de punk rock Inocentes). Na abertura do evento, participam os grupo Ponto de Tráfico, S.T.A. e Réus, respectivamente primeiro, segundo e terceiro colocados em 2001, além dos veteranos do RZO.
Com o objetivo de abrir espaço para grupos de rap iniciantes, o festival, que continuará com inscrições abertas até o dia 6 de setembro, será dividido em quatro etapas classificatórias, além da finalíssima, marcada para acontecer em 27 de outubro.
"Além de premiar os quatro primeiros colocados com a gravação de um CD [pela gravadora Atração", a idéia é ajudar as bandas a se autoproduzirem", afirma Nascimento, citando como exemplo a trajetória do Ponto de Tráfico, finalista do ano passado, que montou seu próprio estúdio após a participação no festival.

Norte, sul, leste, oeste
Outra preocupação da organização é com a distribuição dos shows, abrangendo as diferentes regiões da periferia de São Paulo. Dessa forma, a primeira eliminatória, que rola no dia 8 de setembro, será em São Miguel (região leste), com encerramento de Tribunais MCs.
A segunda etapa, no Mercado Pirituba (região oeste), terá participação de RZO e ocorre em 15 de setembro. No dia 21, o SNJ fecha a terceira etapa, na região norte, e, no dia 28, é a vez do grupo Z'África Brasil comandar a quarta eliminatória, na região sul.
Ainda que a parte competitiva do festival vá abranger apenas as apresentações de rap, Nascimento conta que são esperadas participações de representantes dos outros "elementos" do hip hop, como grafite, break dancers e DJs (no caso, o DJ Duda).
"O hip hop cresceu muito nos últimos anos. É hoje a linguagem mais digerível para os jovens da periferia", afirma.