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"Não quero mais ser vista como atriz revelação"
Destaque de público e crítica na França, Clotilde Hesme está no filme "Canções de Amor", de Christophe Honoré
Aos 28 anos, atriz diz querer "exercer a profissão a longo prazo'; filme passa hoje no Panorama do Cinema Francês, no Reserva Cultural
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela pode ser uma escultora
de ar grave envolvida com os
acontecimentos de Maio de 68.
Ou um dos vértices de um
triângulo amoroso nada comum, personificando uma jornalista de comportamento bastante liberal.
Respectivamente,
a artista plástica Lilie é uma das
protagonistas de "Amantes
Constantes", de Philippe Garrel, e a outra jovem, Alice, é
uma das atrizes principais de
"Canções de Amor", de Christophe Honoré. Ambos os papéis são interpretados pela
francesa Clotilde Hesme, 28.
Hesme é uma das revelações
da interpretação francesa. Ao
fazer esses dois longas tão diversos em seqüência, foi elogiada por público e crítica, sendo
indicada por sua atuação em
"Canções..." ao César, o principal prêmio de cinema na França, na categoria de atriz mais
promissora, em cerimônia
ocorrida em fevereiro passado.
"Isso é agradável, é claro, é
como receber notas boas no colégio, mas tenho pressa em já
não mais ser vista como revelação ou como a nova atriz em ascensão. Quero apenas exercer
minha profissão e fazê-lo a longo prazo, pelo maior tempo
possível", diz ela em entrevista
por e-mail à Folha, de Paris,
onde mora, antes de ter embarcado para o Brasil e participado
do evento Panorama do Cinema Francês, em que apresentou "Canções...".
O título estréia no circuito
brasileiro em setembro próximo, mas tem sua última exibição hoje, às 19h40, no Reserva
Cultural.
Para a atriz, o fato de ter participado de dois longas tão distintos não indica que haja métodos discrepantes na composição dos personagens.
""Canções..." e "Amantes..."
são dois filmes bastante diferentes, mas não tão diversos na
maneira com a qual os atores
foram dirigidos. Honoré é
grande admirador de Garrel, e
os dois diretores têm uma maneira semelhante de enxergar
os atores e captar aquilo que
emana deles. Os dois se interessam mais pelo que o ator esconde que por aquilo que ele
mostra. Para mim, a única coisa fundamentalmente diferente foi que eu era um pouco mais
extrovertida, em um veio mais
cômico, no personagem do filme de Honoré."
Amiga de Louis Garrel desde
a época de conservatório de arte dramática, com quem contracena em "Amantes..." e
"Canções..." e que é um rosto
bem mais conhecido do público brasileiro -estrelou "Os Sonhadores", de Bertolucci-,
Hesme não poupa elogios a ele.
"Ele é um dos atores mais
surpreendentes da sua geração.
É espantoso e imprevisível.
Costuma criar "acidentes" em
suas atuações, com ele você
precisa sempre permanecer receptiva e reativa. É meu amigo,
gosto da sua fantasia."
Frescor
Hesme vê diálogos entre Honoré e Garrel ao comentar como foram as filmagens de
"Canções...", realizadas no 10º
arrondissement da capital
francesa, um bairro popular.
"Em poucos casos tivemos autorização para filmar. As cenas
nas ruas nunca eram bloqueadas, o que também permitia
que a vida circulasse e os atores
respirassem livremente. Garrel
também não fecha nunca o
acesso aos lugares onde roda
seus filmes", conta ela.
A atriz considera a produção
de Honoré "completamente
original e livre" e minimiza as
comparações com outros musicais, como os dirigidos por Jacques Demy.
""Canções..." não é realmente
uma comédia musical, os atores cantam de vez em quando.
As faixas são verdadeiras, não
são diálogos cantados."
Hesme também poderá ser
vista em "De La Guerre", mais
recente filme de Bertrand Bonello ("Tirésia"), e é presença
certa no novo filme de Honoré
após "La Belle Personne" (este
estréia em setembro na França), que será rodado em 2009.
Colaborou LUCAS NEVES , da Reportagem Local
Tradução de CLARA ALLAIN
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