São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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Com bambolês, artista ilustra ciclo do tempo

Mostra individual reúne obras em que Lia Chaia vê embate entre homem e natureza

Exposição na Vermelho tem placas de mármore com frisos de massinha, vídeos e fotografias da artista com bichos "de mentira"


Divulgação
"Pelos Tubos' são recortes em papel de seda que imitam canos, em reflexão sobre fluxos do tempo

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

O bambolê é a cobra que come o próprio rabo, signo da repetição do tempo. Lia Chaia escolheu o brinquedo para cobrir a fachada da galeria Vermelho, anunciando que lá dentro volta a discutir, na mostra que será aberta hoje, o embate entre homem e natureza -agora visto pelo prisma de uma ampulheta.
Chaia é a artista paulistana que já pôs folhas no lugar da língua, pintou galerias de verde e, no último festival de performances Verbo, levou plantas de seu ateliê à mesma galeria. "É sempre esse embate entre natureza e civilização", resume.
Nesta nova mostra, o mosaico "Presa Predador", feito com fotografias de placas de mármore, mostra um tigre devorando um novilho, réplica de um original romano do século 4. É a história ilustrada pelo ciclo óbvio da cadeia alimentar.
Ampliam essa reprodução um tanto lúdica do tempo placas de mármore verdadeiro que ganham frisos de massinha de modelar, expostas logo na entrada da galeria. "No Brasil, a gente não tem ruínas, fico pensando no que vai sobrar da nossa civilização", diz Chaia. "Essa é uma ruína feita agora."
Pensando mais nessa repetição, ela dança desajeitada num vídeo, passando de um braço para o outro argolas vermelhas que lembram os bambolês da fachada. É a mesma questão de fluxo que aparece também na grande sala do primeiro andar, com recortes em papel de seda que imitam canos e tubos. "Eu reparo muito nesses tubos, na circulação dos fluidos de uma casa, como o corpo", afirma.
No andar de cima, Chaia mostra amor à natureza em retratos ao lado de bichos de mentira: coelho, cavalo, formiga, peixe e borboleta. A relação com o falso também ganha o contorno de uma cerca pintada com coroas-de-cristo em estilo naïf, que divide a sala ao meio.


LIA CHAIA
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 17h; até 23/8
Onde: galeria Vermelho (r. Minas Gerais, 350, tel. 3257-2033; livre)
Quanto: entrada franca



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