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CINEMA
Megalópoles são tema do Festival Internacional de Curtas-Metragens
Selva de pedra é legítimo campo cinematográfico
PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Espaço de conflitos potencializados, contrastes surreais, experiências atípicas, quase apavorantes a quem possui um prumo
mais calmo, a cidade grande é
perfeita para o exercício (dramático) do cinema, por tudo que tem
de gigantesco e acelerado. Pois o
Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo comemora sua 15ª edição com um programa especial sobre o assunto, o
Foco Megacidades.
A seleção de hoje só não exibe
um dos seis programas do foco,
todo ele centrado em curtas produzidos -e filmados- em nove
megalópoles deste planeta (veja a programação completa em
www.kinoforum.org/curtas).
Pela idade, o filme de Mathew
Robbins e Walter Murch tem de
estar à frente dos outros. "Pista de
Ultrapassagem", rodado em 1968,
remete aos tempos de "boom"
metropolitano de Los Angeles.
Aqui são os encontros e desencontros por avenidas e ruas movimentadas, num bom registro histórico e cinematográfico, assinado por Murch, montador de
"Apocalypse Now".
Ainda que não tenha o impacto
visual do indiano "O Trem Local
das 9h24" -que versa sobre a
mais lotada linha férrea do planeta, a de Bombaim-, não há como
deixar de pinçar a importância de
"Gowanus, Brooklyn", sobretudo
pelo prêmio de melhor direção no
último Festival de Sundance, para
Ryan Fleck.
Em "9:30", um rapaz de Cingapura foge de um romance partindo para os Estados Unidos. Lá, é
capturado pela saudade e fica a ligar diariamente para a amada, às
9h30. O diretor Mun Chee Yong
traça uma estetizada "ponte aérea" Cingapura-Los Angeles.
Mais rotineiro do que isso é o
dia-a-dia do funcionário que
nunca se lembra do que aconteceu no dia anterior em "Assalariado 6", ótimo filme do inglês Kane
Knight. Os prédios de Tóquio dão
um senhor peso dramático.
Se São Paulo não deixa nada a
dever às outras megalópoles do
mundo, o cinema brasileiro também demonstra certo vigor. O
clássico "Rota ABC", de Francisco
César Filho, recupera outro filme
sobre a cidade predadora, "São
Paulo SA", para pontuar dois momentos distintos da cidade: o passado otimista e o presente cético.
E "Palíndromo", de Phillipe
Barcinski, mistura drama pessoal
à desumanização na cidade grande, ao mostrar a andança de um
executivo em tempo invertido e
gerando, assim, uma bela e brutal
radiografia do desespero.
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