|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lojas e feiras, como a que é inspirada pelo filme "Durval Discos", no Conjunto Nacional, guardam raridades em vinil
Alta fidalidade
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
A feira montada no Conjunto
Nacional para promover o filme
"Durval Discos" prima por organização, bom estado de conservação e altos teores de raridade trazidos pelos comerciantes ali reunidos, mas está também inflacionando o mercado de vinis.
Os passantes têm se dividido,
assim, entre o espanto pelos preços e o espanto por dar de cara
com discos de vinil sumidos há
anos da vista de quem não é fanático por música.
Ali na feira temporária, LPs
mais raros em geral não saem por
menos de R$ 70 -em numerosos
casos chegam a proibitivos R$
200. Realmente raríssima, a trilha
sonora do filme "Deus e o Diabo
na Terra do Sol" (64), de Glauber
Rocha e Sérgio Ricardo, custa a
"bagatela" de R$ 350.
Mas, se a onda de inflação já não
estiver espalhada pela cidade em
tempos de "Durval", é possível
encontrar ainda em São Paulo raridades de mesmo quilate por
preços não tão astronômicos. O
roteiro passa por Pinheiros, mas o
ponto final e obrigatório é mesmo
o centrão da cidade.
O ponto de encontro habitual,
em que a feira do Conjunto Nacional é inspirada, é a feira de antiguidades que acontece todo sábado na praça Benedito Calixto,
em Pinheiros. Ali, os preços de
bolachas de rock estrangeiro,
MPB e jovem guarda costumam
se distribuir democraticamente
entre menores e maiores, partindo de R$ 5 ou R$ 10 e chegando,
em casos extremos, aos R$ 100.
No centro da cidade, o foco
principal fica na República, nas
Grandes Galerias (com entradas
pela av. São João e pela rua 24 de
Maio). É onde está a histórica loja
Baratos Afins, da enciclopédia
musical ambulante Luiz Calanca.
Praticando preços acessíveis para
CD, Calanca valoriza sua paixão
pelo velho vinil e salga o cardápio
nas ricas bancas de LPs.
Em outra galeria da mesma 24
de Maio (leia endereços nesta página), a também tradicional Ventania Discos enfia a faca em CDs e
LPs, mas mantém em loja ao lado
um saldão de preços mínimos
-o difícil é ter paciência e saúde
respiratória para garimpá-los no
meio da nuvem de poeira. Esse é o
maior problema também do Sebo
do Messias, na Sé, um dos mais
barateiros da cidade.
Na rua 7 de Abril (paralela à 24
de Maio), escondida no primeiro
andar de um prédio modesto e
discreto, a loja Júpiter costumava
intercambiar discos com a Ventania, sob preços às vezes inacreditavelmente baixos. Mas a loja caiu
em declínio após a chegada, no
mesmo andar, de várias (e excelentes) lojinhas direcionadas ao
underground da MPB e à música
black (nacional principalmente).
Elevado o grau de raridade, os
preços também cresceram consideravelmente, até porque os gringos são alguns dos clientes mais
frequentes -e levam embora os
discos nacionais, fazendo com
que o valor dos que vão sobrando
aumente cada vez mais.
FEIRA DE DISCOS. Onde: Conjunto
Nacional (av. Paulista, 2.073, Cerqueira
César). Quando: diariamente, das 10h às
20h, até 6 de abril. Quanto: entrada
franca.
Texto Anterior: Música rara Próximo Texto: Mulheres Negras tocam na feira Índice
|