São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2008 |
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O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo. Ex-Cirque du Soleil vai à praça Roosevelt
Claudio Carneiro participa do 2º Festival Palhaçada Geral, que começa hoje
AUDREY FURLANETO DA REPORTAGEM LOCAL Com goma no cabelo, ele apóia o braço esquerdo num pedestal dourado do palco. O holofote ilumina o rosto, que ele vira aos poucos para o público, com ares de quem sofre por amor. Então, ergue o microfone e dispara "Ne me quitte pas/ il faut oublier [Não me deixe/ É preciso esquecer]". Na segunda estrofe, já na hora do "Oublier ces heures" [Esquecer essas horas], ele capricha no olhar de sofrimento, mas... o holofote já não está lá. O ator Claudio Carneiro, então, corre para reencontrar a luz no palco e segue assim até que, ainda cantando afetadamente, precisa apontar um revólver para o técnico de iluminação que, por todo o espetáculo, o fez correr para estar na mira do holofote. O palco do número, que está no YouTube, é o Cirque du Soleil, onde Carneiro emplacou o solo de 2002 a 2004. Hoje à noite, o ator vai apresentá-lo em espaço distante do luxuoso circo estrangeiro. Carneiro estará na praça Roosevelt, no centro da cidade, onde companhias de palhaços-atores abrirão o 2º Festival Palhaçada Geral. Quando foi convidado pelo Cirque para o espetáculo "Varekai", depois de uma audição em 2001, Carneiro conta que decidiu não fazer apenas os números da companhia e mostrou o seu "Ne me quitte pas". Convenceu o diretor e, mesmo tendo se desligado em 2007 após uma participação no musical "Love" e um intervalo na companhia do diretor Franco Dragoni, continua recebendo direitos autorais a cada vez que o grupo apresenta seu solo. "O número é de uma idiotice simples. É estúpido até", avalia, rindo, depois de um "graças a Deus" pela "mesada" que recebe do grupo estrangeiro. A idiotice, orgulha-se, rendeu em 2003 uma visita de Madonna ao camarim de "Varekai", em Los Angeles. "Ela me falou que era o número favorito dela." De volta a São Paulo desde o início do ano, Carneiro estrelou "A Noite dos Palhaços Mudos", adaptação de obra do cartunista Laerte que lotou os Parlapatões e recebeu quatro indicações na edição paulistana do prêmio Shell, divulgado anteontem. O ator também chegou a apresentar "Ne me quitte pas" dentro do espetáculo "Antes Só do que Acompanhado". Hoje à noite, além do solo dos tempos do Cirque du Soleil, fará um mímico que assassina palhaços. "É tudo como a minha filosofia como palhaço: mínimo de esforço, máximo de resultado. Eu sou um palhaço preguiçoso, essa é a verdade", conclui. Circo-teatro Além de Carneiro, a abertura -ou um cabaré, para Hugo Possolo, coordenador do festival Palhaçada Geral- terá números dos próprios Parlapatões e do Jogando no Quintal, entre outros, para homenagear o palhaço Biriba, de Santa Catarina. "Ele é um dos únicos do país a ainda manter circo-teatro. O trabalho dele existe há cerca de 80 anos, com a família toda", diz Possolo. Até domingo, cerca de dez grupos devem passar pelos espaços reservados ao encontro, que, na segunda edição, pretende discutir "o momento em que o palhaço se apropria da linguagem do teatro". "Estamos numa geração de palhaços de teatro que agora está ousando ir para a lona. Em vez de morrer, a lona nos faz ocupar outro espaço, nos faz sair do teatro", diz. FESTIVAL PALHAÇADA GERAL Quando: abertura hoje, às 21h, até domingo (programação completa no site www.parlapatoes.com.br) Quanto: hoje, R$ 5; de qui. a dom., de R$ 5 a R$ 10 Próximo Texto: Teatro: Musical de Bibi Ferreira tem novas datas Índice |
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