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"Posso fazer pressão contra Ariel Sharon"
DO "FIGARO"
A seguir, Bush fala sobre o
Oriente Médio. Diz que "para os
palestinos liberdade quer dizer a
criação de um Estado".
Pergunta - A questão de Israel e
dos palestinos dominará sua viagem. O senhor se propôs como advogado de um plano de paz bastante completo. Mas os povos do
Oriente Médio continuam céticos.
Eles crêem que os Estados Unidos
não cumprirão seus compromissos
até o fim. Qual é a sua resposta?
George W. Bush - Compreendo
as dúvidas do Oriente Médio,
compreendo as dúvidas do mundo. O conflito entre israelenses e
palestinos já dura tanto tempo!
Assim, enquanto não virmos
emergir um Estado palestino, a
opinião continuará a ser cética.
Mas estou absolutamente decidido a levar esse compromisso até o
fim, porque a política externa dos
Estados Unidos não se limita a defender os interesses do país. Ela
exprime valores. Queremos a paz.
Bem, essa região do mundo só obterá a paz quando conhecer a liberdade. Para os palestinos, essa
liberdade quer dizer a criação de
um Estado. Trata-se de um esforço paralelo àquele que empreendemos no Iraque, onde nosso
exército interveio para dar a liberdade ao povo iraquiano. É preciso
que uma mãe palestina possa ver
seus filhos crescerem com a perspectiva de um porvir próspero. É
preciso que uma mãe israelense
possa levar os filhos ao mercado
sem correr o risco de vê-los mortos ou mutilados por uma bomba.
Pergunta - O senhor está pronto a
agir para impedir a expansão das
colônias israelenses?
Bush - Um Estado palestino precisa ser viável. É sob essa perspectiva que temos de tratar o problema das colônias. A expansão dessas instalações está em contradição com nossos esforços pelo surgimento de um Estado palestino.
Pergunta - O senhor exige que o
primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas lute contra o terrorismo. Mas está disposto a exercer
pressão semelhante sobre Ariel
Sharon?
Bush - Certamente estou. Posso
fazer pressão contra Sharon. Se tivesse medo de tomar decisões necessárias ao avanço do processo,
não faria esta viagem ao Oriente
Médio. É essencial que o novo primeiro-ministro palestino se comprometa a combater os terroristas. Mas não acreditamos que os
atentados possam descarrilar o
processo de paz. Não permitiremos que os desígnios malignos de
alguns indivíduos destruam a esperanças de tanta gente. No passado a assistência internacional
ao povo palestino só serviu para
enriquecer uma pequena elite
ociosa. Iasser Arafat teve numerosas oportunidades de conduzir
seu povo no caminho da paz. Nada fez. Não me esqueço daquilo
que meu antecessor Bill Clinton
ofereceu a ele em Camp David.
Pergunta - A aceitação do "mapa
de avanço" pelos israelenses não
corre o risco de ser anulada pelas
reservas expressas por Sharon?
Bush - A única reserva que os israelenses expressaram é a necessidade de segurança. Mas, assim
que o terrorismo for contido, à
medida que cresça a segurança da
região, veremos emergir instituições democráticas. Os israelenses
e os palestinos recuperarão a
tranqüilidade e a prosperidade se
impedirmos que os assassinos de
ambas as partes imponham obstáculos à paz.
Pergunta - Em Sharm el-Sheikh,
que medidas concretas o senhor espera de seus interlocutores árabes?
Bush - As relações bilaterais entre Egito e Estados Unidos são antigas. Não hesitarei em conversar
com meu amigo, o presidente
Mubarak, quanto às reformas
econômicas necessárias no Egito.
Com todos os dirigentes árabes,
falarei das responsabilidades que
cabem aos Estados Unidos na
busca da paz. Vou relembrar a
eles que sou o primeiro presidente norte-americano a ter declarado na tribuna das Nações Unidas
que a solução do conflito entre Israel e os palestinos passa pela criação de um Estado palestino co-existente com Israel.
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