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ELEIÇÕES 2008 / PROGRAMA DE GOVERNO
Marta erra dados e usa verba de Lula para obras do metrô
Programa do PT subtrai casos de dengue e omite reajuste de ônibus feito por ex-prefeita
Documento da convenção do partido conta com verbas de 4 ministérios, ainda não aprovadas, para investir na área de transportes em SP
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO
Aprovado por unanimidade
pela convenção que oficializou
anteontem a candidatura de
Marta Suplicy, o programa de
governo do PT omite dados,
"subtrai" quase 1.500 casos de
dengue ocorridos na gestão da
petista e se apropria de projeto
bilionário em estudo pelo governo federal para prometer
mais que dobrar as linhas de
metrô e os corredores exclusivos de ônibus da cidade.
Debatido por cerca de duas
semanas pela coordenação da
campanha -que reúne senadores, deputados federais, estaduais, vereadores e dirigentes,
o projeto de 94 páginas promete "estabelecer um programa
de investimentos da Prefeitura
de São Paulo para a construção
de mais de 78 km de metrô até
2014", além de "300 km de corredores". Se efetivada, a proposta mais que dobraria a atual
malha (61,3 km de metrô e 113,5
km de corredores).
O problema é que, na verdade, o investimento está em fase
de análise pelo Palácio do Planalto e, se implantado, envolveria majoritariamente recursos
federais, não da prefeitura. O
estudo foi apresentado por
Marta, quando ainda era ministra do Turismo, e envolve outros ministérios, além de investimentos para outras capitais.
O objetivo é preparar o país para a Copa do Mundo de 2014.
Além de fazer promessa com
o "bolso alheio", o texto diz que
"Marta tomou as medidas essenciais para o combate à dengue, tendo sido registrado apenas dez ocorrências da doença
na cidade durante sua gestão".
Na verdade, foram 1.507 entre
2001 e 2004. Os dez casos ocorreram, na verdade, em 2004,
último ano da gestão Marta.
O PT de São Paulo afirmou
ter havido "erros de redação"
no texto e que o programa está
"em construção".
As 94 páginas reservam amplo espaço para críticas à administração iniciada por José Serra (PSDB), hoje governador, e
tocada atualmente por Gilberto
Kassab (DEM). Geraldo Alckmin (PSDB) é praticamente ignorado no documento.
"O balanço da gestão Marta
não deixa dúvidas quanto à necessidade de retomarmos os
rumos de nossa complexa metrópole, cujas soluções superam em muito as expectativas
de síndicos de jardins, no que se
apequenaram os autopropalados eficientes gestores demo-tucanos", diz o texto.
A página 56 reserva críticas
ao reajuste de tarifas de ônibus
feito por Serra em 2005
(17,65%) e por Kassab em 2006
(15%), nos respectivos inícios
de suas gestões, mas omite o
aumento de 21,7% patrocinado
por Marta cinco meses após assumir o cargo, em 2001.
Além disso, não há no papel o
mea-culpa que a petista fez em
público sobre as taxas que criou
em sua administração. "A primeira orientação foi fazer mais
com menos e aumentar a arrecadação com critérios de maior
justiça social", afirma o texto.
Outro detalhe que chama a
atenção é a quase ausência de
menção ao primeiro governo
do PT, de Luiza Erundina (89-92), hoje no PSB. Ela tem se
mostrado magoada com o veto,
no próprio PSB, de seu nome
para a vice de Marta.
Nem Kassab nem Alckmin
apresentaram ainda seus programas de governo.
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