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Reunião do Mercosul inicia hoje e mostra divergências
ADRIANA KÜCHLER
ENVIADA ESPECIAL A SAN MIGUEL DE
TUCUMÁN (ARGENTINA)
Na 35ª Cúpula de Chefes de
Estado do Mercosul, que acontece hoje em San Miguel de Tucumán, norte da Argentina, a
presidente argentina Cristina
Kirchner entregará a presidência temporária do bloco ao colega Luiz Inácio Lula da Silva
pelos próximos seis meses sem
muitas conquistas.
Algumas das principais questões a serem resolvidas pelo
bloco, como a integração alfandegária do grupo e uma posição
comum para a Rodada Doha, ficaram pendentes principalmente por diferenças entre a
Argentina e as demais nações.
Estarão presentes os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Cristina Kirchner, Tabaré
Vázquez (Uruguai) e Nicanor
Duarte Frutos (Paraguai), além
de Hugo Chávez, da Venezuela,
em processo de adesão ao bloco, e mandatários de dois países
associados: o boliviano Evo
Morales e a chilena Michelle
Bachelet.
Hoje, Lula se reunirá para
uma reunião bilateral com
Cristina antes da reunião oficial. Em seguida, acontece um
encontro da Unasul (União de
Nações Sul-Americanas), bloco
criado em maio em Brasília.
Os presidentes deverão adiar
novamente o anúncio de acordo aduaneiro comum, que facilita o trânsito de mercadorias,
apesar de o projeto estar "praticamente finalizado", segundo
um funcionário argentino.
A Argentina reivindica que o
código inclua seus impostos às
exportações, as chamadas retenções, que provocaram crise
com o setor agropecuário que já
dura mais de três meses e fez
cair a popularidade da presidente. O ministro da Economia
do Uruguai, Danilo Astori, afirmou que as retenções argentinas prejudicam a economia
uruguaia e que a questão dos
impostos deve ser decidida no
âmbito do Mercosul.
Já o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, afirmou ontem à imprensa
que a questão deve ser discutida depois. Segundo um diplomata brasileiro, o Brasil se opõe
às retenções, mas não quer levantar o tema para não ameaçar a relação com a Argentina.
Ainda ontem, o Conselho do
Mercado Comum emitiu uma
declaração conjunta sobre a
Rodada Doha de negociações
comerciais mundiais, classificada por um diplomata brasileiro como "geral e política". Assim, ficariam disfarçadas as divergências entre a Argentina e
o resto do bloco que dificultam
as negociações, travadas há
anos, na Organização Mundial
do Comércio. Na declaração, o
bloco pede apoio em questões
mais genéricas como a redução
de subsídios agrícolas nos países ricos.
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