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BANCO DE EVENTOS
Casseb procura definir mecanismos que evitem repetição do episódio da compra de ingressos para o PT
Presidente do BB estuda limitar apoio a shows
CATIA SEABRA
REPORTAGEM LOCAL
Sob uma enxurrada de ataques,
o presidente do Banco do Brasil,
Cássio Casseb, deverá anunciar,
amanhã, uma série de medidas
para impedir a repetição de um
indigesto jantar: o de adesão para
a compra de uma sede do PT, realizado no mês passado.
Alegando ignorar o objetivo do
evento -arrecadar fundos para a
compra da sede- a diretoria de
marketing do banco comprou 70
mesas, a R$ 1.000, para o show de
Zezé di Camargo e Luciano numa
churrascaria de Brasília.
Agora, busca um desfecho positivo para o caso, com a adoção de
medidas que impeçam sua reedição. Uma delas será determinar
que despesas como essas -incluindo patrocínios- só sejam
autorizadas depois de submetidas
ao controle interno do banco (nas
áreas de auditoria e jurídica).
Ainda na semana passada, a diretoria do banco buscava instrumentos legais para permitir esse
controle maior. A idéia é que os
técnicos sejam ouvidos sem que
tenham, por exemplo, voto no
conselho que traça a política de
marketing do banco.
Outra medida em estudo seria
possibilitar que uma compra como essa seja reversível, caso a diretoria do banco perceba sua motivação política. Dentro do Banco
do Brasil, um dos argumentos é
de que -como não estava expressa nos ingressos- a finalidade do show só foi descoberta após
a compra, quando não havia brecha para voltar atrás.
Esse conjunto de medidas será
apresentado na terça ao Comitê
de Ética do governo. No relatório,
o Banco do Brasil não só narrará
todo o processo de compra dos
ingressos, como apresentará medidas que adotou depois disso.
Respostas
Na semana passada, ainda em
meio ao temporal, Casseb pediu
para que o diretor de marketing e
comunicação da instituição, Henrique Pizzolato, estudasse medidas que servissem de resposta à
opinião pública. Pizzolato apresentou cinco sugestões. Agora, o
departamento jurídico do banco
estatal analisa sua aplicabilidade.
O anúncio se dá num momento
delicado em que Casseb tem de
responder ao governo se omitiu
ou não à Receita Federal a movimentação de recursos no exterior,
entre os anos de 1999 e 2002. Segundo reportagem da revista "IstoÉ", Casseb não registrou em sua
declaração de renda nove operações que totalizam US$ 593,855
mil. Segundo dados obtidos pelo
Ministério da Justiça, o Ministério
Público e a CPI do Banestado,
Casseb tem um conta no Northern International, em Nova
York. Mas, segundo a revista, não
informou à receita.
Dar uma resposta ao governo
não será tarefa fácil uma semana
depois de a Folha tornar público
que dois encontros seus com diretores da Telecom Italia foram monitorados pela Kroll, especialmente sem apoio político no governo e no banco.
A nomeação de Casseb foi uma
vitória da prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy, depois de dura
queda-de-braço. O deputado
Paulo Bernardo (PT-PR) e o ex-deputado Geraldo Magela chegaram a concorrer ao cargo. Mas o
ministro da Fazenda, Antonio Palocci, tinha um preferido para a
vaga, Nélson Rocha Augusto.
Ligado ao PT sindical e amigo
do ministro do Trabalho, Ricardo
Berzoini, Pizzolato também foi
cogitado para a presidência do
BB. Mas, além da dedicação de
Marta, o próprio governo quis um
homem de mercado para lá. Agora, Casseb estremece sem o suporte da própria diretoria.
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