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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Juntos contra o grampo
A revelação de uma conversa ilegalmente gravada
de Gilmar Mendes teve o efeito de unir os ministros
em torno de um tema que, até a semana passada, provocava reações mistas no STF. O maior sintoma dessa
mudança veio de Carlos Ayres Britto. Antes expoente
da ala menos alarmada com as suspeitas de grampo
no tribunal, ele subiu o tom. "Não se sabe qual é a real
inspiração dessa prática ilícita", disse. "Trata-se de
curiosidade mórbida, coleta de material para eventual chantagem ou mero passatempo de colegas cada
vez mais delirantes com a tecnologia da interceptação
clandestina?". Britto foi um dos primeiros ministros a
telefonar para o colega, no sábado, e a aconselhá-lo a
cancelar a viagem de trabalho para tratar do assunto.
Extremo. "O ministro Gilmar tem o nosso apoio irrestrito", diz Marco Aurélio Mello. "O presidente da República terá que atuar. Só alguém
com sua autoridade pode
frear o que está acontecendo."
Reação. Segundo Demóstenes Torres (DEM-GO), grampeado em conversas com
Mendes, o Congresso deverá
reativar uma comissão mista
para acompanhar atividades
de inteligência, formada pelos
líderes do governo e da minoria na Câmara e no Senado e
os presidentes das Casas.
Ah, bom... De Paulo Lacerda (Abin), na CPI dos Grampos, sobre escutas no STF:
"Penso ser inaceitável que se
aventurem em reportagem
sem nenhuma base em fatos
ou se lancem meras ilações, e
mesmo suposições fundadas
em meias verdades".
Pré-selo. O marketing da
primeira extração de petróleo
pré-sal, amanhã, em Vitória,
inclui o lançamento de um selo especial dos Correios com a
imagem do navio onde está a
plataforma Juscelino Kubitschek e o carimbo "pré-sal".
Recauchutagem. O ministro José Múcio, que há alguns anos se submeteu a um
tratamento de implante capilar, agora aposentou os óculos
depois de uma cirurgia de
miopia, há menos de um mês.
Quatro rodas. A vice-presidência da República publicou edital para a compra de
duas camionetes e de dois carros modelo sedan, pelo valor
total de R$ 180 mil.
Flagra. Lula foi surpreendido no ABC quando o locutor
anunciou sua chegada ao comício de Luiz Marinho (PT)
em São Bernardo. O presidente fumava cigarrilha escondido, atrás do palco, mas imediatamente uma câmera lançou sua imagem num telão.
Aliás, Lula voltará à região, dia
20, para comício em Mauá.
Com gás 1. Oficialmente,
o PT não fixou número de
prefeitos a eleger neste ano.
Quer evitar o mico de 2004,
quando Silvio Pereira previu
mil, e no final foram pouco
mais de 400. Mas o tesoureiro
Paulo Ferreira já fala em dobrar o número de cidades.
Com gás 2. Até o sempre
discreto Luiz Dulci (Secretaria Geral) arriscou projeção:
em Minas, onde o PT administra 80 municípios, chegará
a cem. Isso porque o partido, à
revelia do ministro, abriu mão
de ter candidato em BH.
Diversidade. Geraldo
Alckmin (PSDB) adotará uma
agenda temática por semana,
para públicos segmentados.
Começa nesta quarta-feira,
em encontro com a Associação GLTB (Gays, Lésbicas,
Transgêneros e Bissexuais)
para falar da Parada Gay.
Dianteira. Pesquisa do Instituto Futura à Prefeitura de
Vitória (ES), divulgada ontem
pelo jornal "A Gazeta", mostra o candidato à reeleição
João Coser (PT) com 64,3%
das intenções de voto. O segundo é Luciano Rezende
(PPS), com 19,3%.
Cartoon. Líder da oposição
na Câmara, Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) elabora uma
coletânea dos candidatos
mais exóticos. No seu Estado,
os campeões são Meio Pão,
Massa Fina e Boca de Sacola.
com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO
Tiroteio
"Sempre tão ameaçadora, a polícia do
stalinista Tarso Genro vira um gatinho
quando se trata de investigar os petistas."
Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), sobre o fato de a Polícia
Federal ter alegado que "não conseguiu" grampear os telefones de Romênio Pereira, dirigente do PT investigado na Operação de João Barro.
Contraponto
Sabe com quem está falando?
Na campanha de 1986, José Múcio disputava o governo
de Pernambuco com Miguel Arraes, que viria a ganhar a
eleição. Certo dia, em Petrolina, o hoje ministro das Relações Institucionais sentiu-se mal após almoço oferecido
por prefeitos da região e teve de descer do palanque.
O candidato procurou ajuda no comércio próximo, mas,
àquela hora, as lojas estavam todas fechadas. Seus auxiliares resolveram então bater às portas de algumas delas,
mas não obtiveram nenhum sucesso.
Diga que é o futuro governador-, recomendou Múcio.
Imediatamente um comerciante apareceu, surpreso:
-Por que o sr. não disse logo que Arraes estava aqui?
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