São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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ESTADOS

Em pelo menos 8 das 13 unidades da Federação que tiveram apenas um turno, setor deu cerca de R$ 47,5 mi a campanhas

Empreiteira é grande doadora do 1º turno

DA AGÊNCIA FOLHA

As empreiteiras confirmaram a fama de grandes financiadoras de campanhas eleitoral, pelo menos em 8 dos 13 Estados onde a eleição foi definida no primeiro turno.
A análise da declaração de gastos com campanha nesse universo mostrou que o setor foi o maior doador neste ano, sendo responsável por aproximadamente 10% dos cerca de R$ 47,5 milhões registrados oficialmente no TRE. Treze empresas de construção deram juntas mais de R$ 4 milhões. A campeã foi a Norberto Odebrecht, que só para a campanha de Paulo Souto (PFL), na Bahia, doou R$ 1,2 milhão.
O maior montante de recursos oriundos de pessoa física foi registrado nas contas do sojicultor Blairo Maggi (PPS), eleito governador de Mato Grosso. Ele declarou ter dado a sua própria campanha R$ 3,2 milhões (leia texto nesta página).
As informações são dos documentos entregues pelos partidos aos TREs, que ainda precisam analisar os números e aprová-los, até oito dias antes da diplomação dos eleitos.
Apesar da resolução 21.228 do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de 1º de outubro deste ano, determinar que as prestações de contas são públicas, os TREs do Espírito Santo, do Tocantins, do Maranhão, do Rio de Janeiro e de Alagoas não liberam as informações.
Ficaram de fora os dados sobre Paulo Hartung (PSB-ES), Ronaldo Lessa (PSB-AL), José Reinaldo Tavares (PFL-MA), Rosinha Garotinho (PSB) e Marcelo Miranda (PFL-TO).
Aécio Neves (PSDB-MG) foi quem apresentou a declaração com mais alto valor gasto -R$ 11,8 milhões. Minas concentra um dos maiores colégios eleitorais do país, com 12.680.584 eleitores.
Proporcionalmente, os números mato-grossenses são maiores. O valor total dos custos dividido pelo total de eleitores resulta em R$ 5,7 por votante.
A campanha de Wellington Dias, futuro governador do Piauí, um dos Estados mais pobre do país, teve os custos mais modesto: R$ 1 milhão. Mas, foi na Bahia onde a média de recursos por eleitores ficou mais baixa -R$ 0,54.
Os governadores que concorreram à reeleição dispuseram em 2002 de mais recursos que em 1998. Jorge Viana (PT-AC), que gastou cerca de R$ 377 mil na eleição passada, segundo dados do TRE-AC, passou para pouco mais de R$ 1 milhão. Marconi Perillo (PSDB-G) gastou três vezes mais. Saiu de 2,5 milhões para 9 milhões. Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que havia declarado R$ 2,8 milhões em 98, agora apontou R$ 6 milhões.
Outras empresas que doaram recursos expressivos foram a construtora OAS -R$ 700 mil-, a Recofarma [empresa do grupo Coca-Cola" -R$ 750 mil- , a Açominas -R$ 700 mil-, e a Aracruz Celulose [R$ 500 mil".
O PMDB liderou a lista dos mais importantes colaboradores do reeleito Jarbas Vasconcelos (PE). O partido entrou na campanha com R$ 560 mil. O PT contribuiu com cerca de R$ 100 mil nas disputas no Acre e no Piauí.
O grupo CCE, de propriedade do empresário Issac Sverner, financiou várias campanhas na região Norte. Só para Eduardo Braga (PPS-AM) foram R$ 575 mil.
Há 11 meses Sverner, sócio da indústria DM Eletrônica da Amazônia, responde processo na Justiça Federal sob acusação de contrabando na Zona Franca de Manaus, que ele nega.
O vice-presidente de Relações Institucionais do grupo CCE, Synésio Batista da Costa, disse que "o grupo está em Manaus há 35 anos e tem bom relacionamento com todos. A parceria do Amazonas com o Acre é uma coisa que nós vislumbramos como geopolítica para a renovação das ações da Zona Franca na região".
(JAIRO MARQUES, ALESSANDRA KORMANN, ADRIANA CHAVES, LEONARDO WERNER, LUIZ FRANCISCO e KÁTIA BRASIL)


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