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JANIO DE FREITAS
O jogo duro
Quem tiver meio de campo
eficiente é que vai desequilibrar a disputa e sair com vantagem para chegar ao segundo
tempo, perdão, ao segundo turno -se houver.
Começou a importante fase de
definições nos dois grandes contingentes que são o PMDB dividido e o PFL isolado, o mesmo se
dando com o intermediário PL e
com alguns dos grupos nanicos.
Os acertos que resultem dessa
fase não refletirão logo nas pesquisas, mas envolvem massas
enormes de votos, aqueles passíveis da influência de lideranças
políticas e cabos eleitorais partidários. É uma hora em que os
candidatos dependem muito de
dispor, ou não, de argúcia tática
e de negociadores habilidosos.
Com bastante atraso, a crônica política enfim começa a perceber que o PFL não está imóvel.
No jogo de contestações e adoções que se trava no jornalismo
político, quando aqui se registrou, semanas atrás, a aproximação dos pefelistas a Ciro Gomes, as várias negativas incluíram até a conclusão de que "o
PFL está condenado a apoiar
Serra". Pois bem, o noticiário já
admite que em 17 Estados a tendência mais evidente dos pefelistas é apoiar Ciro Gomes no
primeiro turno.
Mesmo que não venham a ser
tantas as definições pefelistas
por Ciro Gomes, estão indicando, além do seu peso no primeiro turno, dificuldades para Luiz
Inácio Lula da Silva caso o candidato da frente PPS-PDT-PTB
seja seu adversário no segundo
turno, e problema ainda maior
para José Serra se chegar lá, seja
qual for seu adversário.
Enquanto o PFL vai demonstrando mais uma vez sua capacidade de agir partidariamente,
como um todo que digere e metaboliza as dissenções, o multifacético PMDB deblatera-se entre corruptos, fisiológicos, ressentidos, desorientados e, enfim,
autênticos. O desentrosamento
não dá indícios de que ameace o
acordo que custou à candidatura de José Serra a entrega precipitada da vice ao PMDB. Mas a
corrente que se opõe à aliança
com o PSDB mostra-se mais forte do que a crônica política admitira, e hoje a espanta com a
presença da divergência em
mais de dez Estados.
Cada palmo de território peemedebista está sob disputa entre
Serra e Lula. Mas não será de
admirar que daí resultem para
Ciro Gomes alguns nacos de lucro inesperado. José Dirceu, presidente do PT, tem-se mostrado
negociador muito hábil, o que
ficou claro já pelo inacreditável
silêncio que obteve do petismo
em relação à adocicada fisionomia dada à candidatura petista.
Não só em São Paulo, o PT está negociando com várias bases
peemedebistas e tem boas possibilidades de êxito. Mas o afã de
conquistar apoios não precisa
nem justifica que a negociação
política distribua avais morais,
como fez Lula a Orestes Quércia,
um dos políticos mais eticamente contestados, inclusive por Lula mesmo.
Entre as interrogações peemedebistas, a mais importante é a
de Minas. Caso se consolide o
presumido acordo de Itamar
Franco em apoio a Aécio Neves
para governador e isso inclua
apoio ao candidato do PSDB, os
governistas se beneficiam com a
contradição de ser apoiados,
talvez de modo decisivo na contagem eleitoral, pelo adversário
mais explícito de Fernando
Henrique Cardoso. A fase de eliminatórias foi encerrada e começou a disputa direta, por vitórias nas negociações que valem massas de votos. Em alguns
dias, semanas no máximo, o
quadro eleitoral deverá estar
muito mais nítido, e as promessas de novidades são numerosas.
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