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E-mails sugerem busca de apoio no governo
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A troca de e-mails entre integrantes das Farc, revelada pela
Folha em junho, indica o esforço da guerrilha em obter apoio
no PT e no governo Lula. Sugere a simpatia de alguns assessores do governo pelos guerrilheiros, mas não demonstra a
existência de uma relação institucional entre ambos. Os "embaixadores" das Farc, por diversas vezes, dão a entender
que desfrutam de suposto acesso à cúpula do poder em Brasília. Elogiam o ex-ministro José
Dirceu, mas criticam o assessor
internacional da Presidência,
Marco Aurélio Garcia.
Em e-mail de 14 de abril de
2007, o ex-padre Olivério Medina, "embaixador" das Farc no
Brasil, relata a Raúl Reyes, número dois das Farc, um suposto
encontro com Selvino Heck,
fundador do PT e assessor especial de Mobilização Social do
presidente. Na mensagem, Medina comenta que Heck entregou carta de Reyes a Lula, agradece "a proteção internacional"
e diz que o assessor lhe deu o e-mail do chefe-de-gabinete de
Lula, Gilberto Carvalho.
"Esse amigo também ajudou
bastante", diz o guerrilheiro,
que elogia préstimos de Heck e
Carvalho em e-mail de 3 de fevereiro. "Falei com Selvino
Heck. É um companheiro sincero. Comentou que havia entregue a Lula a carta que a Empresa [as Farc] lhe enviou por
motivo da reeleição. Gostou
muito do passo que estamos
pensando dar: a naturalização",
diz Medina. Reconhece no local
cópia da gravura "La Patria Naciendo de la Ternura", do equatoriano Gustavo Pável Egüez.
O presente das Farc foi "protocolado como propriedade da
Presidência", diz Medina. Mais
duas cópias da obra teriam sido
entregues a Lula e a Carvalho.
Em junho de 2005, da renúncia de Dirceu, a correspondência é intensa. Em e-mail do dia
4, José Luis, outro guerrilheiro,
diz a Reyes que se reuniu com o
jornalista Breno Altman, como
representante de Dirceu. Falaram do trabalho político da organização e do veto às Farc na
reunião do Foro de São Paulo.
Reyes responde no dia 12. Diz
que deseja receber a visita de
um porta-voz brasileiro. No dia
16, Reyes expede conclusões tiradas da reunião com "o enviado de Dirceu": que o governo
Lula "aceita a presença discreta
de Olivério no país" e decidiu
buscar relações com as Farc "à
procura de oxigênio".
Já Garcia é criticado. "São
inocultáveis as manobras dos
especialistas em nos barrar no
Foro de São Paulo e outros cenários. Nisso está uma parte do
PT com o inefável Marco Aurélio e outros que, embora posem
de amigos, na hora das decisões
se colocam do outro lado."
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