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General vai hoje à CPI para falar sobre agência
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Grampos na Câmara dos Deputados vai ouvir
hoje o general Jorge Felix, chefe do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da
República, para questioná-lo
sobre a atuação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência)
no caso dos grampos no STF
(Supremo Tribunal Federal).
A agência, que é subordinada
ao Gabinete de Segurança Institucional, é suspeita de ter realizado o grampo e por isso teve
sua cúpula afastada ontem pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Em depoimento à comissão há duas semanas, o então
diretor-geral da Abin, Paulo
Lacerda, negou a realização de
escutas no gabinete de ministros do Supremo.
O presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), também
promete apresentar hoje requerimento pedindo o depoimento de José Milton Campana, o segundo homem da agência. Além disso, membros da
comissão querem que Gilmar
Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) -que
foi gravado em conversa com o
presidente do STF- falem na
comissão sobre o grampo.
Gravidade
Todos os integrantes da CPI,
tanto da base quanto da oposição, classificaram a realização
da escuta como "gravíssima".
"Eu penso que a denúncia [de
que a Abin realizou grampos no
gabinete do presidente do Supremo] é muito grave, mostra
que a realização de escutas não
sofre uma banalização, mas está em total descontrole", afirmou o relator da CPI, Nelson
Pellegrino (PT-BA), lembrando
que a comissão foi instalada
exatamente devido a denúncias
de grampo no tribunal.
O depoimento de Felix já tinha sido aprovado pela comissão, mas a data não tinha sido
marcada até ontem. Deputados
oposicionistas, porém, criticaram a antecipação da ida do ministro. Para o deputado federal
Gustavo Fruet (PSDB-PR) agora não haverá tempo para formular as questões adequadas e
a fala do general será totalmente previsível. "Está claro que ele
concordou em vir rápido apenas para negar que sabia dos
grampos, mas também precisamos questioná-lo sobre outros
pontos, como os gastos enormes com cartões corporativos
da Abin e a desorganização da
instituição, por isso gostaria de
ter mais tempo para formular
as perguntas", afirmou Fruet.
O líder do PSDB na Câmara,
José Aníbal (SP), cogita até
abrir outras frentes de investigações para achar os verdadeiros responsáveis pelo grampo,
"caso a CPI não apure tudo".
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