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Yeda defende aumento do próprio salário em 143%
Em meio à crise, projeto de aliado da tucana prevê reajuste para R$ 17.343,14
Governadora do RS aguarda críticas, mas diz que o valor está defasado e precisa ser equiparado ao do atual presidente da Assembléia
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
No momento em que o governo do Rio Grande do Sul
atravessa uma profunda crise
política e financeira, a governadora Yeda Crusius (PSDB) poderá ganhar um aumento salarial de 143%. Publicado na edição de ontem do "Diário Oficial" do Estado, o projeto de lei
nº 149/2008 propõe a elevação
do salário da governadora dos
atuais R$ 7.140,70 para R$
17.343,14. A oposição, liderada
pelo PT, critica a proposta.
O projeto de lei foi apresentado por um aliado da tucana, o
presidente da Assembléia Legislativa, Alceu Moreira
(PMDB), e também prevê aumento para o vice-governador
e para os secretários estaduais,
cujos salários passariam de
R$ 6.120 para R$ 11.564 -um
aumento de 89%.
Segundo o governo, não haverá aumento em cascata.
Yeda defendeu o aumento
dos salários. A governadora declarou à Rádio Guaíba que já espera críticas, mas afirmou que
os salários da cúpula do governo estão defasados.
Segundo ela, um secretário
de Estado gaúcho recebe líquidos em torno de R$ 4.000.
A idéia do aumento, disse Yeda, é equiparar o salário da governadora ao do presidente da
Assembléia e o dos secretários
ao dos deputados.
O projeto começa a valer logo
após a aprovação e não prevê
efeito retroativo. Para ser aprovado, precisa do apoio de 27 dos
55 deputados estaduais. Partidos que dão sustentação à governadora têm 33 deputados.
Se cumprir o trâmite normal
de dez dias úteis após a publicação no "Diário Oficial", o aumento deve ir à votação somente no início de agosto, após o recesso parlamentar, que começa
dia 17. A Secretaria Estadual de
Fazenda ainda não tinha ontem à tarde uma projeção do
impacto do reajuste da cúpula.
Deputados governistas se
disseram determinados a aprovar o aumento, mas expressaram desconforto com o provável desgaste político que a proposta traz embutido.
A oposição diz que vai votar
contra o aumento. O grupo vai
ganhar, em pleno período de
campanha eleitoral, munição
extra para contrastar os 143%
do aumento à governadora com
o reajuste médio dos 170 mil
servidores estaduais.
O aumento para o funcionalismo foi concedido no final do
governo Antônio Britto (1995-1998), mas não havia sido posto
em prática porque ultrapassava
o teto de 60% de gastos do Executivo com pessoal fixado pela
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Depois que parte dos servidores já havia obtido decisões
favoráveis na Justiça, Yeda autorizou reajustes de 19% a 33%
da chamada Lei Britto a partir
de agosto deste ano.
Além disso, a discussão sobre
os salários da cúpula com o governo coincide com o final da
CPI que investiga o desvio de
R$ 44 milhões no Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Rio Grande do Sul.
O valor pretendido no Rio
Grande do Sul é superior ao salário de outros governadores
tucanos. Aécio Neves (MG) recebe R$ 10.500, enquanto José
Serra (SP) ganha R$ 14.850. No
Sul, o governador do Paraná,
Roberto Requião (PMDB), tem
salário de R$ 22.100.
CPI
A CPI do Detran termina
amanhã com a votação do relatório final elaborado pelo tucano Adilson Troca. O PT deverá
apresentar um relatório paralelo, pedindo o indiciamento da
governadora.
Colaborou FELIPE BÄCHTOLD,
da Agência Folha
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