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MUDANÇA DE ROTA
Com reformas encaminhadas no Congresso, governo poderia dar prioridade a outras áreas, diz ministro
Dirceu quer nova agenda contra crise social
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Reunido com cerca de 50 parlamentares petistas em Brasília, o
ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, considerou o momento
atual preocupante e disse que o
país enfrenta uma conjuntura difícil. Apesar disso, ele ressaltou
que o governo vai montar uma
agenda positiva e que existe controle da situação.
Segundo relato dos participantes, Dirceu teria usado expressões
do tipo "preocupante", "grave",
"séria" para descrever a situação,
principalmente na questão social.
O ministro, porém, deixou claro
que o governo quer mudar a
agenda e voltá-la para o social,
pois as reformas já estariam com
encaminhadas no Congresso.
O presidente da Câmara, João
Paulo Cunha, aproveitou a reunião de ontem, que durou sete horas, para criticar os ministros da
área social. Disse que eles precisam de uma "chacoalhada".
Ainda de acordo com os relatos
dos participantes, Dirceu demonstrou preocupação em relação à questão social devido aos
conflitos no campo, às invasões
de prédios e terrenos urbanos nas
grandes cidades e às invasões de
prédios públicos por parte dos
servidores em greve, como ocorreu ontem, em Brasília.
Na avaliação de Dirceu, segundo parlamentares, o "tempo político do governo encurtou". Por isso, o governo precisa trabalhar
com mais rapidez e eficiência.
Na tentativa de mudar a agenda,
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deve anunciar nos próximos
dias a unificação dos projetos sociais, a aplicação de recursos em
infra-estrutura e saneamento e e
medidas para o setor de habitação. Além disso, a previsão é que o
Orçamento de 2004 esteja formatado nos próximos 15 dias, com
aumento de verbas para as Pastas
da Saúde e Educação.
Em relação à reforma agrária, o
governo diz ter pouca margem de
manobra para agilizar os assentamentos devido às limitações orçamentárias e ao alto preço da terra.
Na área econômica, Dirceu afirmou que a taxa básica de juros deve continuar caindo, podendo
chegar próxima dos 20% até o final do ano e ficar entre 15% e 16%
em 2004. Atualmente, a taxa de
juros está em 24,5% ao ano. A redução dos juros, de acordo com o
ministro, representa um alívio,
mas não resolveria o problema.
O ministro tratou ainda dos
protestos de servidores grevistas
realizados nos últimos dias em
Brasília, afirmando que o governo
deve dialogar com os movimentos sociais e adotar atitude democrática. Mas ressaltou que o governo deve ficar atento para não
ser desmoralizado, como no caso
de invasão de prédios públicos.
Nesse caso, disse que é preciso
dialogar, mas mantendo a ordem.
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