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Tarso afirma que governo vai controlar relação entre PF e Abin
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Tarso
Genro, anunciou ontem que
haverá maior controle na relação entre a Polícia Federal e a
Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e não descartou a hipótese de agentes do órgão cedidos à Operação Satiagraha
serem os autores do grampo no
telefone do presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal),
Gilmar Mendes.
Chefe da PF, Tarso Genro
disse que a relação entre os dois
órgãos vai mudar com base em
três pontos:
1) A colaboração entre a Abin
e a polícia terá de ser formal, registrada em termo detalhando
o nível do relacionamento; 2) a
agência não poderá fazer investigações, mas apenas coleta e
análise de informações e 3) não
terá acesso a tecnologias da PF
que permitam, por exemplo,
grampear telefones, como o sistema Guardião.
Questionado se durante a Satiagraha agentes da Abin teriam usado o programa, o ministro afirmou que não tinha
esse tipo de informação. "Se receberam, foi totalmente fora
das normas", disse.
O ministro reconheceu, contudo, que o motivo da mudança
na relação dos dois órgãos teve
origem no fato de o delegado
Protógenes Queiroz, que comandava a Operação Satiagraha, ter requisitado o apoio de
agentes da Abin sem informar a
direção da PF, gerando críticas
dentro do governo.
Indagado se esses agentes
poderiam ter alguma vinculação com o grampo no telefone
de Mendes, Tarso admitiu que
essa "é uma linha de investigação que não está excluída".
Segundo ele, "por uma razão
muito simples: o inquérito da
Satiagraha durou quatro anos e
foi feito exclusivamente por
[um grupo de] policiais comandado por um policial e teve
apoio da Abin".
Tarso fez questão de destacar, porém, que o inquérito da
PF não vai ser direcionado para
essa linha, sendo apenas uma
das hipóteses em investigação
para autoria do grampo nos telefones do ministro do STF.
"Temos de ter paciência para
não crucificar ninguém antes
do tempo", afirmou, lembrando que se agentes da Abin fizeram investigações na Satiagraha isso já foi uma "ilegalidade".
Na operação, articulada por
Protógenes e que resultou na
prisão do banqueiro Daniel
Dantas, agentes da Abin teriam
seguido funcionários do banqueiro no Rio. O delegado é ligado ao diretor-geral da Abin,
Paulo Lacerda, afastado temporariamente do comando da
agência até a conclusão do inquérito da PF. Tarso, contudo,
procurou isentar Lacerda.
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