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POLÍTICA EXTERNA
Petista falou ao "Post"
A jornal dos EUA, Lula critica Chávez e Cuba
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva, faz críticas ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e ao regime cubano, em entrevista publicada na edição de
hoje do diário norte-americano
"The Washington Post".
"Lembro-me de ter dito ao presidente Chávez: "Eu o aconselharia a ser mais político. Um presidente não pode brigar com todo
mundo ao mesmo tempo. É preciso mais sabedoria política. É
preciso rachar os adversários para
poder governar com eles". Ele está
pagando o preço de sua falta de
experiência política", declarou.
Sobre o regime do ditador Fidel
Castro, Lula procurou se mostrar
distante. "Não vamos confundir a
paixão da minha geração pela Revolução Cubana e o que representou na época com qualquer aprovação ao regime cubano de hoje.
Defendo liberdade religiosa, cultural, comercial e política", disse.
Aos norte-americanos, o petista
assegurou também que não pretende implantar no Brasil um modelo econômico que tenha o estatismo como marca.
"Não acho que o Estado tenha
que dirigir empresas. O papel do
Estado é planejar, estimular o desenvolvimento com incentivos e,
se necessário, procurar a iniciativa privada para fazer parcerias
em financiamentos", afirmou.
Ainda no esforço de apresentar-se como um dirigente moderado,
que não pretende criar instabilidade, o presidente eleito declarou
na entrevista que respeitará as regras e contratos com investidores
internacionais.
"Pode dizer aos investidores
americanos e ao povo americano
que cumpriremos todos os contratos que o governo brasileiro assinou", afirmou.
Lula disse que tem interesse em
estreitar as relações com o governo norte-americano. "São os nossos principais parceiros comerciais e pretendemos melhorar
nossa relação com os EUA. Queremos discutir nossos problemas
comerciais, que são muitos", declarou o presidente eleito.
Banco Central
Lula minimizou, na entrevista, a
importância da autonomia operacional do Banco Central, medida que seu partido buscará no
Congresso. O petista disse também que não nomeará o presidente do BC por pressão do mercado.
"Nenhum país no mundo sofreu tanta pressão durante uma
campanha eleitoral para divulgar
o nome do presidente do BC. Não
posso ceder às pressões internacionais para dar um nome. A autonomia do Banco Central não é
assunto prioritário. As pessoas
que governaram o Brasil por tantos anos poderiam ter feito isso",
disse.
Ao ser questionado sobre a mudança de posições que defendeu
no passado, o presidente eleito
chegou a dizer que seria "idiota"
se não tivesse evoluído.
"Acredito que mudei e que o
Brasil mudou. Seria idiota se eu
não tivesse mudado: um homem
que chega aos 57 anos, que sofreu
todos os tipos de preconceito, que
concorreu quatro vezes à Presidência..."
No final da entrevista, Lula diz
que sua maior conquista foi ter
sobrevivido. "Comi pão pela primeira vez na minha vida aos 7
anos. Antes disso, bebia café preto
com farinha de manhã."
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