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Repórter e motorista são reféns por 5 horas
DA AGÊNCIA FOLHA, EM AMAMBAI E JAPORÃ (MS)
Índios guaranis e caiuás confundiram o repórter e o motorista
da Agência Folha com pistoleiros,
impediram a saída dos dois por
cinco horas e meia, retiveram os
equipamentos da reportagem e
pintaram a pele dos dois.
O fato ocorreu na terça-feira, na
primeira vez em que a reportagem visitou a área. Posteriormente, numa volta à região na sexta-feira, apesar de terem reconhecido o repórter e o motorista, os índios os fizeram dançar com outros indígenas.
Na visão dos indígenas, fazer os
visitantes dançar significa uma
boa recepção a eles.
Embora afirme que "o homem
branco e o índio vão feder iguais
após a morte", o cacique Mãmãgá
explica que o repórter da Agência
Folha e o motorista do carro (alugado) foram pintados com tintas
vermelha e preta, assim que chegaram à fazenda na terça-feira,
para ficar com a pele parecida
com a dos índios.
Não foi usado urucum (árvore
que produz tinta vermelha) nem
jenipapo (fruto que dá a tonalidade negra). O material vinha de
uma bisnaga de tinta usada para
dar cor à cal na pintura de parede.
Guerra
Os índios também estavam pintados, mas "para a guerra". Armados com espingardas, arcos,
flechas, bordunas e lanças, três
dezenas deles abordaram o carro,
que chegou à fazenda após passar
por duas barreiras montadas por
"guerreiros" indígenas.
O carro foi revistado, e os índios
tiraram a câmera fotográfica, a
carteira, a caneta, o caderno de
anotações e o celular do repórter.
Também examinaram a maleta
onde estava o computador portátil e um gravador.
O motorista da reportagem, Rogério Granja, ficou sem a chave do
carro e sem a carteira.
Os índios tiraram as camisas
dos dois e pintaram seus rostos.
Os invasores afirmaram que, a
princípio, acreditaram que o repórter e Granja eram pistoleiros.
Perguntaram ao repórter se ele
tinha autorização por escrito da
Funai para entrar na área. A reportagem explicou que o administrador da Funai Wilian Rodrigues havia dito as lideranças estavam informadas sobre a ida da
Agência Folha à fazenda.
"Então, depois que a Funai chegar aqui, vai ficar tudo bem", disse um líder dos índios depois de
pedir documentos aos dois visitantes -que ficaram sem camisa,
sob o sol, sendo observados por
crianças indígenas.
Em seguida, esse índio mandou
o repórter e o motorista sentarem
em um banco de madeira, na
sombra, onde ficaram por duas
horas. Nessa espera, um "índio
bravo, guerreiro", na definição
das lideranças, ameaçou disparar
uma flecha em direção aos visitantes.
Carro requisitado
"Eu preferi nem olhar", afirmou
Granja depois do ocorrido. Foi
ele, entretanto, quem teve a iniciativa de conversar com uma das lideranças. A atitude do motorista
abriu caminho para que o repórter entrasse em contato com os
demais índios para entrevistá-los.
Após a conversa, porém, o carro
foi "requisitado" pelos índios, que
iriam a uma aldeia próxima. O repórter ficou na fazenda, e o motorista levou os indígenas.
A Agência Folha deixou a área
invadida por volta das 18h30, depois ter entrado lá às 13h, na terça-feira.
(HC)
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