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GRANDE SERTÃO/OUTRO LADO
PF e empresa tentam acordo para combater tráfico
Chesf afirma ter perdido o controle e requer ajuda
DO ENVIADO A SALGUEIRO
O engenheiro Carlos Aguiar de
Brito, coordenador dos projetos
do Empreendimento Itaparica,
no qual o Fulgêncio está incluído,
disse que a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) "perdeu o controle" sobre o projeto.
A área do Fulgêncio, no rio São
Francisco e destinada à fruticultura, é a maior produtora de maconha de Pernambuco. "Quando
assumimos, há cinco meses, a situação de marginalidade no Fulgêncio já estava instalada. Sozinha, a Chesf não tem como agir,
perdeu o controle e, por isso, procuramos ajuda do Ministério da
Justiça", disse.
Segundo ele, a Chesf e o Ministério da Justiça estudam um acordo de cooperação. A intenção é
ceder recursos humanos e materiais para que a Polícia Federal
possa ter mais estrutura para
combater o tráfico em Fulgêncio.
Brito não fala em valores, mas diz
que o acordo "sairá logo".
O superintendente da PF em
PE, Wilson Damazio, diz que a
prioridade é a compra de um helicóptero, mas o engenheiro da
Chesf alega falta de recursos. "Podemos comprar carros ou doar
equipamentos, mas não temos dinheiro para um helicóptero."
Brito diz que não tem conhecimento das indicações feitas pelo
vereador Jucelino Gomes da Silva,
irmão do traficante Jerry Adriane
Gomes da Silva, o Nego de Lídio.
Segundo a PF, o vereador, que
seria o braço político da quadrilha
e está preso, é quem indica parte
dos funcionários que trabalham
na Granville & Bazan, empresa
responsável pela manutenção dos
canais de irrigação do Fulgêncio.
A informação é confirmada por
funcionários da empresa. "A
Chesf não tem conhecimento das
indicações. De qualquer forma, a
companhia já decidiu que fará
uma nova licitação assim que o
contrato expirar", disse Brito.
Procurados, os donos da Granville & Bazan, Henrique Granville
e Oscar Bazan, não foram encontrados para falar sobre o assunto.
Trukás
O administrador da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Pernambuco, Manoel Lopes Muniz,
disse conhecer a situação dos índios Trukás, mas que, sem o
apoio da PF, nada pode fazer.
Os trukás, radicados na ilha de
Assunção, no rio São Francisco,
vivem sob o terror do tráfico. Há
membros da tribo envolvidos no
negócio. "Nosso objetivo é encontrar uma saída para apaziguar os
grupos de índios rivais que disputam o poder". "Mesmo os que estão envolvidos com drogas. Temos que contratar advogados para defendê-los", disse Muniz, que
só entra na ilha escoltado pela PF.
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