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BRASIL PROFUNDO
Em 83, garimpo teve 80 mil trabalhadores
Serra Pelada chegou a produzir 14 toneladas de ouro em um só ano
DA REDAÇÃO
A história de Serra Pelada começa em 1976, quando um geólogo do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) encontrou amostras de ouro no sul
do Pará, segundo o jornalista Ricardo Kotscho ("Serra Pelada,
uma ferida aberta na selva").
A notícia da descoberta, mantida inicialmente em sigilo, começou a se espalhar em 1977. Em outubro daquele ano, o presidente
da CVRD (Companhia Vale do
Rio Doce), que tinha direitos sobre a jazida, confirmou a existência de ouro na Serra dos Carajás.
Em 1979, um garimpeiro encontrou ouro no local. O ministro de
Minas e Energia, Shigeaki Ueki,
fez o anúncio oficial da existência
do metal em Carajás. A partir de
1980, levas de migrantes se deslocaram para o Pará e invadiram o
garimpo, que pertencia a uma
subsidiária da Vale, a Docegeo.
Em 21 de maio de 1980, o governo federal promoveu uma intervenção na área, já ocupada por 30
mil garimpeiros. Áreas de lavra e
garimpeiros foram registrados
pela Receita Federal, e todo ouro
encontrado deveria ser vendido à
Caixa Econômica Federal. A intervenção foi comandada pelo
militar Sebastião Rodrigues de
Moura, o major Curió.
Em 1981, os depósitos de ouro
na superfície se esgotaram, e a Vale tentou reaver a posse da área.
Mas os interesses eleitorais (havia
80 mil garimpeiros na área) levaram o governo a fazer obras para
prorrogar a extração manual. Em
1982, o garimpo é reaberto, e Curió foi eleito deputado federal.
Curió tomou posse na Câmara
em 1983 e propôs uma lei que dava permissão para que garimpeiros continuassem explorando o
ouro de Serra Pelada por cinco
anos. Em 1984, a Vale recebeu indenização de US$ 59 milhões.
O apogeu do garimpo ocorreu
em 1983, quando foram extraídas
13,9 toneladas de ouro. De 1984 a
1986, a produção se manteve em
torno de 2,6 toneladas anuais.
Caiu para 2,2 em 1987, ano em
que os garimpeiros interditam a
ponte rodoferroviária sobre o rio
Tocantins: eles queriam que o governo rebaixasse a cava do garimpo. No dia seguinte, uma operação da PM do Pará para desimpedir a ponte deixou três garimpeiros mortos, segundo a PM. De
acordo com os garimpeiros, o número de mortos passou de 60.
A produção continuou caindo.
Em 1988, foi de 745 kg, e, em 1990,
de menos de 250 kg. Em março de
1992, o governo não renovou a autorização de 1984, e o garimpo
voltou a ser concessão da Vale.
Em 1996, os garimpeiros restantes
invadiram a mina, mas uma operação do Exército e da Polícia Federal pôs fim à obstrução de 171
dias nos acessos a Serra Pelada.
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