|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após parar cidade, empresa
monopoliza a campanha
Única saída é arrendar as terras, dizem candidatos
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A COELHO NETO (MA)
Dono de mais de 80% das terras do município e motivo de a
prefeitura ter decretado situação de emergência, em 2006,
por causa do "desemprego generalizado", o grupo empresarial João Santos e o destino de
seus negócios engessaram a
campanha eleitoral em Coelho
Neto (365 km de São Luís).
Em vez de doar terras para
instalação de indústrias, como
geralmente fazem as prefeituras ávidas por atração de investimentos, Coelho Neto deverá
arrendar áreas do grupo para a
produção agrícola.
É a proposta do prefeito Carlos Magno Duque Bacelar, 70,
(PV), candidato à reeleição, e de
seu principal adversário, o deputado estadual Soliney de
Sousa e Silva, 38, (PSDB). Os
dois afirmam que a cidade está
cercada por terras do grupo e a
única saída é arrendar áreas e
entregá-las a produtores rurais,
que cultivariam arroz e feijão
por, no mínimo, cinco anos.
Após a fábrica de papel do
grupo João Santos, a Itapagé,
parar as máquinas em dezembro de 2005, o prefeito Magno
decretou situação de emergência devido ao desemprego.
De acordo com o prefeito,
3.700 pessoas ficaram desempregadas -mais de mil eram
funcionárias diretas do grupo e
as demais viviam de atividades
econômicas dependentes dele.
Segundo informação do próprio ministério, o decreto de
Magno foi, até hoje, o único reconhecido pelo Ministério da
Integração que teve como motivação o desemprego.
O grupo empresarial alega
que desativou a fábrica por causa do alto custo de escoamento
da produção e de trazer a matéria-prima até a fábrica -a empresa usava bambu para produzir celulose e tem de 25 mil a 30
mil hectares plantados.
Ainda segundo o grupo, já foram gastos R$ 5 milhões em estudos para achar uma alternativa para reativar a indústria.
No fim de agosto, quem chega a Coelho Neto vê que o município mais parece um pólo industrial. É a época da safra de
cana-de-açúcar, de julho a outubro. Mas também essa atividade é explorada pelo grupo
João Santos, que mantém a
destilaria Itajubara, produtora
de 8 a 10 milhões de litros de álcool mensalmente. São 2.500
funcionários, a maioria deles
empregada no corte da cana.
Todos sabem, porém, que
seus empregos só têm garantia
de apenas 3 a 4 meses, período
da safra. O ideal, para os trabalhadores, é a reativação da fábrica de papel -promessa de
alguns candidatos a vereador.
NA INTERNET
http://campanhanoar.folha.blog.uol.com.br
Leia mais sobre a viagem
Texto Anterior: Outro lado: Defesa diz que condenação de réus é injusta Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá: Inquérito do inquérito Índice
|