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24 HORAS NO AR
Cabo eleitoral pago trabalha nas campanhas de Serra e de Marta
"Camaleão" é PSDB de dia e PT à noite
KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO
De dia ele é Serra, de noite é
Marta. Das 9h às 17h, José Epaminondas (nome fictício), 23,
sacode a bandeira para o tucano
numa avenida do centro de São
Paulo. Chega em casa, no Jardim Princesa, periferia da zona
norte, por volta das 19h30, após
pegar três conduções. Toma banho, janta, descansa e troca de
camiseta. Da amarela e azul,
passa para a vermelha e branca.
A jornada não terminou.
O rapaz veste a camisa do PT e
se apresenta para o trabalho na
campanha de Marta Suplicy por
volta das 23h30 e trabalha até as
5h. Pouco tempo resta para que
ele troque de camiseta e de candidato outra vez. "Durmo no
ônibus e no intervalo entre uma
campanha e outra. Somando,
dá cerca de três horas por dia."
Ao iniciar a colaboração nas
duas campanhas, Epaminondas
foi advertido de que não deveria
fazer propaganda para os dois
candidatos ao mesmo tempo.
"Eu estava sabendo disso, mas
escondo. Para mim, a única coisa que importa é o dinheiro."
Desempregado, compara: "Na
campanha do Serra, ganho R$
20 por dia para abanar a bandeira por oito horas. Não estão inclusos almoço e condução. Para
Marta, ganho R$ 25 por dia. Prego cartazes e organizo material
em caixas. Temos direito a lanche, roupa e vale-refeição".
E, afinal, qual deles é seu candidato? "Voto na Marta. E não é
porque ela está pagando melhor
[risos]. O negócio dela é trabalhar para os pobres. O Serra é
para a classe mais elevada."
O ex-taxista Izavam Fonseca,
59, diz que abanar a bandeira de
Serra "é melhor do que não trabalhar". Tucano roxo, diz aproveitar as oito horas de trabalho
também para "pensar na vida".
Marta Militão, 48, mora no
Jardim Peri e trabalha na campanha da xará prefeita "por
amor". Ela não revela o número
de horas que faz propaganda.
Marcos Tornich, 42, diz trabalhar oito horas por dia para o
PT. No momento em que ia revelar o quanto ganha, um fiscal
o interrompeu dizendo que não
pode dar entrevista.
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