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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Novo prefeito vive em área com nível de país europeu
IDH de regiões da cidade onde moram candidatos contrasta com o da periferia
Marta, que, como Kassab e Maluf, mora nos Jardins, não permitiu acesso à sua casa; Alckmin vive no Morumbi, onde IDH é um pouco menor
ANA FLOR
FERNANDO BARROS DE MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Seja quem for, o novo prefeito de São Paulo reside numa região da cidade com desenvolvimento comparável ao da Suíça ou da Alemanha. Mas irá administrar os problemas de uma
população que enfrenta realidades comparáveis às de São
Tomé e Príncipe ou Botswana.
Um levantamento feito pela
Folha comparou o IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano)
das subprefeituras onde vivem
cinco candidatos, em bairros
nobres da capital. A reportagem visitou o dia-a-dia de quatro dos cinco principais postulantes. Marta Suplicy, 63, foi a
única que não permitiu o acesso à sua casa, alegando desejo
de preservar sua privacidade.
Três candidatos -Marta
(PT), Gilberto Kassab (DEM) e
Paulo Maluf (PP)- vivem na
subprefeitura de Pinheiros,
área com IDH de 0,95 (quanto
mais próximo de 1, melhores as
condições de vida). O índice é
alcançado, segundo o Pnud
(Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento), só
por 12 países em todo o mundo.
Os três moram em residências
com o metro quadrado avaliado
em cerca de R$ 11,75 mil.
A vereadora Soninha Francine (PPS) vive em um apartamento em Perdizes, onde o
IDH é de 0,93 -índice semelhante ao de Alemanha e Israel.
Já o ex-governador Geraldo
Alckmin (PSDB) reside no Morumbi, onde o IDH, de 0,88, assemelha-se ao do Qatar (Oriente Médio) e ao de Portugal. O
IDH do Brasil é 0,80. O menor
IDH da cidade de São Paulo,
0,74, está na subprefeitura de
Parelheiros, na zona sul.
A rotina dos quatro candidatos visitados pela Folha se assemelha à de muitos dos eleitores, ao menos no tocar do despertador. Kassab, 47, é o que
diz acordar mais cedo, às 5h30.
Entre 6h e 6h30, acordam Maluf, 76, Soninha, 40, e Alckmin,
55. A primeira hora é reservada
para ler jornais e para o café da
manhã. Alckmin e Maluf gostam de fazer a primeira refeição em família. Soninha não
deixa de fazer pelo menos 20
minutos de meditação budista.
"Aconchegante"
Alckmin chegou ao bairro do
Morumbi em 1995, quando era
vice do governador Mario Covas (1930-2001). O apartamento de 105 m2 foi comprado por
financiamento. "É um apartamento pequeno, porém aconchegante", diz a mulher do candidato, Maria Lúcia, a dona Lu.
A filha, Sophia, mora perto.
"Gostamos do bairro", diz Lu.
Kassab vive desde 1999 em
um apartamento que ocupa um
andar do prédio próximo ao
Clube Pinheiros, onde ainda
hoje tenta caminhar, pelo menos, duas vezes por semana.
Para o café da manhã, é normal
chamar secretários e subprefeitos, que de início estranharam os hábitos matutinos do
prefeito, bem diferentes do seu
antecessor, José Serra, que
despachava até tarde da noite.
Quando não está em Brasília,
onde cumpre mandato de deputado federal, Maluf se divide
entre o escritório e as empresas. "Se alguém quiser se esconder de mim, venha para a
minha casa", diz ele. A exceção
são os encontros e almoços políticos, realizados na ala reservada para ele, que no passado
costumava ser o "pavilhão das
crianças". Na área privada da
residência, ele se dedica à mulher, Sílvia, e aos netos.
Maluf se considera um "animal político em extinção": "Estou há 41 anos no mesmo partido, moro na mesma casa há 42
anos e estou casado com a mesma mulher há 53 anos", diz.
Soninha divide o apartamento duplex alugado com duas
das três filhas e com o cachorro
Dub. A mais nova, Júlia, 11, sai
às 7h para a escola. Raquel, 24,
a mais velha, gosta de se arrumar -diferentemente da mãe,
despojada. "Houve um tempo
em que tive medo de que ela
fosse virar perua", diz Soninha.
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