São Paulo, domingo, 06 de julho de 2008

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Lula inicia giro pela Ásia para ampliar relações comerciais

Roteiro, que deve durar sete dias, inclui Japão, Vietnã, Timor Leste e Indonésia

Petista, que disse que este seria o "ano da Ásia", já tem visitas marcadas para China e Índia até dezembro e participará de cúpula do G-8

Toru Yamanaka - 27.mai.05/France Presse
O presidente Lula e a primeira-dama Marisa em visita a Tóquio


LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa a concretizar, na próxima semana, a promessa de fazer de 2008 o "ano da Ásia". A partir de terça-feira, Lula passará por Japão, Vietnã, Timor Leste e Indonésia, num roteiro que o manterá sete dias afastado do Brasil. Até o final do ano, voltará outras duas vezes à região -China e Índia já estão na agenda.
De pronto, o interesse brasileiro é o de tentar ampliar um fluxo de comércio que em 2007 chegou a US$ 55,8 bilhões (tirando os países do Oriente Médio), com déficit de US$ 5,6 bilhões para o Brasil. O governo também quer estreitar as relações políticas com esses países, emergentes no plano econômico e cada vez mais ascendentes na política internacional.
"A Ásia é o continente mais dinâmico do mundo no momento", afirmou o embaixador Roberto Jaguaribe, subsecretário de Assuntos Políticos do Itamaraty. "É uma realidade incontrastável."
Após a passagem pelo Japão na cúpula do G-8, Lula chega a Hanói no dia 10 para uma visita de pouco mais de 24 horas a um país que começa a "desabrochar" no cenário internacional, segundo as palavras de um diplomata brasileiro.
No Vietnã, a rigidez do regime comunista no plano político vem sendo acrescida de fortes doses de pragmatismo econômico. O país tem sustentado um crescimento de 7,5%, em média, nos últimos anos. Lula quer discutir cooperação em agricultura -o Vietnã é um dos maiores produtores de arroz do mundo- e parcerias na área de defesa, além dos biocombustíveis. Como de costume, o presidente estará acompanhado de comitiva de empresários tanto no Vietnã quanto na Indonésia, onde ele chega no dia 12.
A dedicação a temas econômicos também pauta a visita de Lula ao maior país muçulmano do mundo e economia mais importante da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático). A corrente de comércio entre Brasil e Indonésia chegou a US$ 1,6 bilhão em 2007 e há forte interesse empresarial de ambos os lados.
O Brasil negocia com a Indonésia um acordo sobre o etanol, tem interesse em vender aviões Supertucano da Embraer para a Força Aérea do país, além de firmar acordos na área de defesa. Do outro lado, indonésios querem investir no setor agrícola no Brasil. O Itamaraty tem interesse em negociar um acordo de livre-comércio com a Asean, mas os diálogos nesse sentido ainda são incipientes.
Entre a visita ao Vietnã e à Indonésia, Lula fará uma rápida passagem pelo Timor Leste, o mais novo país a ser reconhecido pela ONU, até hoje em dificuldades para consolidar suas instituições nacionais.
Ao lado do presidente José Ramos-Horta, alvo de um atentado em fevereiro, Lula oferecerá cooperação nos setores da máquina pública em que há carência de quadros e nas áreas nas quais os problemas sociais são mais agudos, como educação, justiça e segurança.
O Brasil pediu a juristas que ajudem a elaborar o código militar do Timor. Há um projeto para o treinamento de forças timorenses de segurança. E Lula anunciará a prorrogação, até 2010, da presença de professores brasileiros no país -lá, o idioma oficial também é o português.


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