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Cozinha italiana une adversários em SP
Folha percorreu restaurantes freqüentados por Marta, Alckmin e Maluf; Kassab não revelou onde costuma ir
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto marqueteiros ficam absorvidos em realçar aspectos positivos dos candidatos
e esconder detalhes menos
abonadores, descobrir onde os
aspirantes à Prefeitura de São
Paulo gostam de comer na intimidade pode ser mais revelador, como pregam gourmands e
chefs de cozinha, do que discursos e promessas de campanha.
No rastro da máxima "Diz-me o que comes, te direi quem
és", do epicurista francês Jean
Anthelme Brillat-Savarin, a
Folha foi à procura dos restaurantes mais freqüentados pelos
primeiros colocados. A reportagem provou pratos, falou com
maîtres e coletou receitas.
Seja qual deles for o escolhido pelos eleitores, o futuro prefeito aproveita a farta e variada
gastronomia da maior cidade
do país. Nas preferências de todos, não faltam a culinária italiana ou uma boa carne.
Marta Suplicy (PT) é uma admiradora de duas especialidades bem servidas da capital: as
cozinhas italiana e japonesa. A
ex-prefeita é fiel a alguns endereços, como o restaurante Jardim di Napoli, local que freqüenta há pelo menos 20 anos.
Com apenas 40 mesas, o
"Jardim" é conhecido pelo polpettone (bolo de carne recheado de queijo), receita que há 30
anos é mantida em segredo pela casa. Para acompanhar, Marta gosta dos "antipasti" (entradas), como a alcachofra, lascas
de parmesão e sardela. Come
também as massas, como o fusili ao sugo. Com a família,
Marta costuma pedir como
complemento uma pizza margherita, com postas de muzzarela e manjericão. No restaurante, o item apreciado pela
candidata que escapa de bolsos
mais econômicos é o vinho chileno que custa R$ 150 a garrafa.
Marta é popular entre os funcionários da casa. Conversa, tira fotos e dá autógrafos. Faz o
mesmo com outros clientes.
Quando quer pegar mais leve, a ex-prefeita escolhe o restaurante japonês Miyabi, onde
vai mais de uma vez por mês.
Além dos combinados de sushi
e sashimi, ela aprecia pratos
menos conhecidos, como o
chawan mushi, um flã salgado à
base de ovos e cogumelos shimeji e shitake. Segundo um
funcionário, a ex-prefeita foi
apresentada ao restaurante pelo senador Aloizio Mercadante.
"Ele faz tempo que não freqüenta, mas ela sempre vem",
explica um dos empregados.
Bife à milanesa
Geraldo Alckmin (PSDB)
também é fiel a alguns chefs.
Com a família ou assessores,
costuma freqüentar o Lélis
Trattoria Campinas, restaurante italiano de massas caseiras. Não faltam na mesa do candidato os pratos feitos de maneira artesanal, como o ravioli
ou o nhoque, sempre ao molho
sugo, à base de tomate. Outros
pedidos do ex-governador no
restaurante são o bife à milanesa e uma salada mista.
Mais modesto é o Bar Presidente, freqüentado pelo tucano
desde 1993, quando se mudou
para São Paulo e vivia em um
flat na região do Ibirapuera. O
Presidente é um local com poucas mesas, onde a maior parte
dos clientes -como o ex-governador- senta ao balcão. Alckmin se acomoda sempre no
mesmo canto, de costas para
uma pilha de caixas de cerveja.
Ali, come feijão, arroz, salada
de tomate e alface e um bife à
cavalo, tudo preparado por Maria José Baltazar, uma portuguesa que vive no Brasil há 45
anos. Sem excesso de gordura,
o bife coberto com um ovo frito
pode vir "mole" ou "duro". No
final da refeição, o candidato
não dispensa o cafezinho.
Os proprietários do bar adoram o ex-governador. Têm fotos nas paredes e recortes de
jornais falando das idas ao local, inclusive com outros políticos, como o deputado federal
José Aníbal (PSDB).
Depois de pagar R$ 8 pelo almoço comercial, o ex-governador não deixa de dar uma gorjeta ao garçom que o atendeu.
"Ele nunca deixou de vir aqui,
como vice-governador, como
governador e como candidato à
Presidência", conta Maria Helena, proprietária do estabelecimento e filha da cozinheira.
"Alta gastronomia"
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM), que não esconde ser
um gourmand, não quis informar os restaurantes que gosta
de freqüentar. Segundo sua assessoria, a indicação de um ou
dois lugares deixaria de fora
"muitos outros", já que o candidato aprecia comer fora.
A Folha apurou que Kassab
adora comida italiana e libanesa, por influência familiar. Um
dos locais que freqüenta é o
restaurante Magari, sempre na
lista dos melhores da cidade no
quesito "alta gastronomia italiana". Em média, os clientes
pagam em torno de R$ 100 por
entrada, prato principal e sobremesa no local.
A casa não quis informar os
pratos preferidos do prefeito
sem autorização.
Já o ex-prefeito Paulo Maluf
(PP) é fã das carnes e da cozinha libanesa.
Nos finais de semana com a
família ou em almoço rápido,
Maluf gosta de freqüentar o
Barbacoa, considerado um dos
melhores e mais caros rodízios
da cidade. Lá, o candidato não
deixa de provar o cupim (corte
de carne bastante macio, por
conter mais gordura) e a carne
de cordeiro. Também aproveita o pãozinho de entrada e uma
das especialidades da casa, o
palmito fresco assado ao molho
de alcaparras.
NA INTERNET
http://campanhanoar.folha.blog.uol.com.br
confira no blog as receitas
preferidas dos candidatos
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