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ELEIÇÕES 2008 / FINANÇAS
Alckmin e Marta ainda têm dívidas de campanha antiga
Diretórios de PSDB e PT assumiram débitos e alegam negociação de pagamentos
Marta tem débitos abertos desde 1998; Alckmin deve R$ 11,9 milhões, maior parte referente a materiais de propaganda e publicidade
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os dois candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto, Marta Suplicy (PT)
e Geraldo Alckmin (PSDB), começam suas campanhas sem
terem pago ainda as dívidas de
pleitos anteriores. Débitos contraídos pela campanha de Marta estão abertos há dez anos,
desde 1998. O Diretório Nacional do PSDB e o Diretório Regional do PT paulista assumiram os débitos e alegam negociar os pagamentos.
Alckmin deve hoje, em valores informados pelo PSDB nacional, cerca de R$ 11,9 milhões. Ao concorrer, e perder, à
Presidência da República em
2006, ele deixou dívidas de R$
19,9 milhões, para uma arrecadação total de R$ 79 milhões
-o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva também deixou uma
dívida de R$ 7 milhões, no final
do pleito em que superou Alckmin e se reelegeu.
A dívida do ex-governador foi
assumida pelo Diretório Nacional do PSDB, em Brasília. Desde então, o partido disse ter pago cerca de R$ 8 milhões.
O partido se recusou a informar os nomes dos principais
credores. A Folha apurou que a
maior parte das dívidas se refere a material de propaganda e
publicidade, de impressos a
produção de comerciais de TV.
"Por uma questão de preservação dos fornecedores, que
trabalharam corretamente
com o partido e estão em processo de renegociação, nossa
opção é preservar seus nomes e
empresas", informou o PSDB.
PT
A prestação de contas do diretório estadual do PT de São
Paulo de 2007, entregue à Justiça Eleitoral em abril último,
registrou R$ 698 mil -ou R$
1,198 milhão, em valores atualizados pelo IPCA- em dívidas
contraídas com fornecedores
de material gráfico, publicidade
e pesquisas de opinião pública
por duas campanhas eleitorais
de Marta Suplicy.
O diretório estadual do PT
afirma que "equacionou" dívidas iguais a 18% do total.
A reportagem também consultou no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo
as prestações dos diretórios regionais do PSDB, do DEM, do
PMDB, do PDT e do PC do B.
Nenhuma registra dívidas semelhantes com fornecedores
de material para campanhas
eleitorais passadas.
As dívidas do PT datam de
1998, quando Marta se candidatou ao governo de São Paulo
e perdeu, e de 2004, quando ela
perdeu a reeleição à Prefeitura
de São Paulo. Foram incluídas
nos balanços do PT sucessivamente ao longo dos anos, sem
pagamento ou renegociação.
Os valores também não foram
atualizados. A dívida foi anotada no balanço, no campo das
obrigações a pagar, com o valor
de R$ 698 mil.
Essas dívidas ajudaram a empurrar as contas do PT paulista
para o negativo. A sigla encerrou o ano com um déficit de R$
161 mil -acumulado de R$
847,4 mil. As receitas em 2007,
que incluem repasses do Fundo
Partidário, contribuições e
doações, somaram R$ 1,77 milhão, enquanto as despesas
atingiram R$ 1,93 milhão.
O maior doador individual do
PT foi a Construtora Andrade
Gutierrez, com R$ 100 mil, de
um total de R$ 123 mil em doações de pessoas jurídicas. O segundo maior doador foi a Destilaria Pioneiros, com R$ 18 mil,
da trading Crystalsev, que, em
abril último, anunciou uma
parceria com norte-americanos para fabricação de biodiesel a partir da cana-de-açúcar.
A prestação de contas do PT é
assinada pelo presidente do diretório estadual, Paulo Frateschi, e pelo tesoureiro, Antonio
dos Santos.
Do conjunto de cinco dívidas
assumidas como obrigações a
pagar entre 1998 e 2004, o
maior débito é de R$ 300 mil,
com a produtora de Campo
Grande (MS) Flash Comunicação, revelada pela Folha em
2004 e até hoje não paga.
A Flash tem uma outra nota
fiscal, de R$ 250 mil, sob investigação no Ministério Público
de Mauá (SP). Em depoimento
no ano de 2005, o ex-secretário
de Habitação de Mauá Altivo
Ovando Júnior afirmou que,
entre 1997 e 2001, a Flash emitiu notas fiscais para acobertar
supostos pagamentos de propina a integrantes do PT.
Outro crédito, de R$ 100 mil,
em valor não atualizado, está
registrado em nome da PG Comunicação, do publicitário
Eduardo Godoy, que foi secretário de Comunicação do ex-governador Zeca do PT (MS).
Hoje, Godoy preside a Quê Comunicação, uma das três agências de publicidade que prestam serviços à Petrobras. Entre
2003 e 2008, a Quê recebeu R$
339 milhões da Petrobras.
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