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Oposição pede que PF ouça acusador de Yeda
Governadora não comentou afirmações de Lair Ferst, que disse que a tucana sabia de desvios no Detran
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A oposição à governadora do
Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), vai pedir ao Ministério Público Federal e à Polícia
Federal que convoquem, para
um novo depoimento, o empresário Lair Ferst, acusado de ser
um dos líderes da fraude que
desviou R$ 44 milhões do Detran. Ontem, a governadora
não quis comentar as acusações feitas pelo ex-tucano.
Em entrevista publicada ontem pela Folha, Ferst ligou a
governadora à fraude.
Ele afirmou que houve decisão política do governo na troca de prestadores de serviço do
Detran que permitiu reestruturar o esquema de desvio em
maio do ano passado.
Segundo Ferst, há pelo menos dez pessoas envolvidas na
fraude que não foram investigadas -entre elas, integrantes
e ex-integrantes do governo e
pessoas com foro privilegiado.
"Ele tem de ser ouvido com
urgência pelo Ministério Público ou pela PF. Se não disser
quem são as dez pessoas, inclusive do alto escalão do governo,
deve ser preso", disse o deputado Elvino Bohn Gass (PT).
Yeda Crusius evitou responder a perguntas sobre Ferst em
dois eventos públicos dos quais
participou ontem à tarde.
"As perguntas são sempre as
mesmas, as declarações que
dou são sempre as mesmas. Eu
valorizo as instituições, que estão acima das pessoas que estão fazendo a investigação",
disse a governadora.
Ferst, que se desligou do
PSDB na semana passada, afirmou à Folha que atuou na
coordenação da campanha de
Yeda em 2006 e que foi recebido pela tucana, já depois da
posse, para tratar, segundo ele,
de "assuntos de amizade".
Em ocasiões anteriores, Yeda negou que seja próxima de
Ferst ou que tenha se encontrado com ele depois da posse.
A fraude no Detran gaúcho
ocorreu entre 2003 e 2007. A
autarquia repassava valores superfaturados para duas fundações responsáveis pelos exames dos candidatos a motorista, que, por sua vez, distribuíam o dinheiro para empresas envolvidas no esquema.
O esquema só foi desmontado em novembro de 2007,
quando a PF deflagrou a Operação Rodin. Segundo a denúncia, os R$ 44 milhões desviados
foram gastos com propinas e
enriquecimento ilícito.
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