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ASAS CORTADAS
Por documento, PIB deve crescer em média 3,3% até 2006, menos que os 5% prometidos para a geração de empregos
PPA reduz meta de crescimento da campanha
ROGÉRIO GENTILE
EDITOR DO PAINEL
FABIO SCHIVARTCHE
DO PAINEL
No seu nono mês de Palácio do
Planalto, sem fazer alarde ou
mea-culpa, Lula abandonou uma
das metas mais importantes de
seu programa de governo, apresentada à página 20 do livro "Mais
e Melhores Empregos": "Toda a
política econômica [do meu governo] no período de 2003 a 2006
deve ser concebida para viabilizar
um crescimento médio de pelo
menos 5% [ao ano]".
Fora dos palanques, o presidente fez uma outra promessa para a
economia, mais modesta. No PPA
(Plano Plurianual) do período
2004-2007, previu que, com a sua
política econômica, o PIB brasileiro deve crescer em média entre
3,25% e 3,37% por ano.
Na apresentação do documento, o ministro Guido Mantega
(Planejamento) fez questão de
ressaltar que o governo Lula optou por elaborar uma proposta
"realista, pé-no-chão".
Pelo novo texto, o governo federal planeja um crescimento entre
1% e 1,5% para 2003, de 3,5% em
2004, de 4% em 2005 e de 4,5% em
2006. Os prometidos 5% da campanha seriam possíveis apenas
em 2007, quando já terá terminado o mandato para o qual Lula foi
eleito no ano passado.
PIB e empregos
Atualmente, segundo pesquisa
de julho do IBGE, há 2,6 milhões
de desempregados apenas nas
seis principais regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo
e Porto Alegre) -12,8% da população economicamente ativa.
Na campanha, cujo coordenador do programa de governo foi o
atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, Lula anunciou
"que a recuperação do direito ao
trabalho" era o seu maior compromisso".
Para atingi-lo, dizia o programa
de governo do PT, seria "fundamental assegurar as condições
econômicas para um crescimento
do PIB, em média, de 5% ao ano,
além de serem implantadas ações
voltadas especificamente ao multiplicador de empregos".
Com os 5% de crescimento do
PIB ao ano, dizia o documento,
seria possível gerar 5,33 milhões
de empregos entre 2003 e 2006.
Os 10 milhões de empregos
-que, durante toda a campanha,
Lula disse serem necessários criar
nos quatro anos de mandato-
dependeriam também de outras
medidas, conforme o candidato
mostrou em quadro apresentado
à página nove do seu programa.
Entre as propostas apresentadas
está registrada a redução da jornada de trabalho e das horas extras, que, segundo o texto eleitoral
de Lula, criaria as condições para
a geração de mais 3,2 milhões de
postos de trabalho.
No PPA, no entanto, a meta é
mais pessimista do que no programa de governo. A redução da
jornada, cuja proposta ainda está
sendo discutida com empresários
e sindicatos de trabalhadores,
permitiria a criação de 2 milhões
de empregos.
Os 10 milhões de empregos de
Lula ficam ainda mais distantes se
o crescimento do Produto Interno Bruto tiver maior proximidade com as projeções do governo
do Estado de São Paulo, mais modestas do que as da União. No
PPA paulista, o "espetáculo do
crescimento" terá os seguintes
números: 2,8% (2004), 3,4%
(2005) e 3,7% (2006).
Ao comentar a diferença entre a
sua previsão e a do Planalto, o governador Geraldo Alckmin ironizou: "Trabalhamos com a cabeça
no lugar e os pés no chão. Otimismo não se inventa, se constrói
com trabalho e bom senso".
O IPEA (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, também faz projeções menos
otimistas. A nova estimativa do
instituto para o crescimento do
PIB em 2003 é de 0,5%.
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