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GOVERNO
Em discurso, presidente diz que oposição não se faz só com emoção e critica menção de petista à crise da universidade
FHC ataca "bravata" de Ciro e ironiza Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou cerimônia de premiação de estudantes,
ontem no Palácio da Alvorada,
para criticar a oposição.
Falando sobre a importância da
palavra -os estudantes haviam
vencido um concurso de frases-,
FHC disse que "o importante não
é falar demais, não é gritar, não é
fazer cara feia, não é falar com
braveza, nem com bravata".
Em sua campanha, o candidato
do governo à Presidência, José
Serra (PSDB-PMDB), tem tentado mostrar o candidato Ciro Gomes (Frente Trabalhista) como
sendo destemperado, de pavio
curto e mentiroso.
Ontem, o presidente FHC disse
que "na democracia o que vale é o
argumento, não é a força". De
acordo com o presidente, "é preciso também, quando for o caso,
fazer oposição, mas argumentando, dando as razões, e não simplesmente na emoção".
A campanha que mais tem usado o apelo à emoção no horário
gratuito na TV é a de Luiz Inácio
Lula da Silva, do PT. Seu marqueteiro, Duda Mendonça, defende
abertamente a utilização dessa estratégia.
Prosseguindo nas críticas, Fernando Henrique Cardoso disse
que "não adianta gritar, não
adianta fazer demagogia, não
adianta usar palavras para enganar. Tem que trabalhar, trabalhar
silenciosa e persistentemente".
Ainda de acordo com o presidente, "é preciso convencer de
que a nossa idéia é melhor. E convencer quer dizer, etimologicamente, vencer junto. Só se vence
mesmo quando se vence junto.
Vencer sozinho leva, provavelmente, a desilusão mais adiante".
Universidade
O presidente voltou a atingir
Lula momentos depois. "Ouço às
vezes dizer "ah, a universidade está sucateada". Eu acho que essa
gente nunca foi a uma universidade. Alguns não foram mesmo,
nunca foram à universidade", disse o presidente.
Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT, não cursou universidade -tem curso técnico de torneiro mecânico. Na última quarta-feira, Lula esteve na UnB (Universidade de Brasília) e disse que
o Brasil precisaria de "uma pessoa
que não tem diploma para consertar a universidade brasileira".
Ainda ontem, em visita a Uberaba (MG), Lula respondeu a
FHC, afirmando que o presidente
está "magoado" com suas críticas
ao ensino público.
O candidato afirmou também
não considerar preconceituosas
as declarações de FHC. "Acho que
não é preconceito, porque quem
estuda tanto não pode ter preconceito. Parto do pressuposto de
que o preconceito deve estar nas
pessoas que não têm nenhuma
formação. Ele [FHC] estudou
muito e não deve ter preconceito", declarou o petista.
Lula voltou a afirmar que não
precisa de um diploma universitário para governar o país. "Não
basta ter um diploma para conhecer as universidades. É preciso ter
uma estratégia de nação, de desenvolvimento de país", disse.
Colaborou ROGÉRIO PAGNAN, enviado
especial a Uberaba (MG)
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