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VIAGEM AOS EUA
Petistas acreditam que tema será mencionado em encontro com Bush
Com aval da ONU, ataque ao Iraque deve ter apoio do PT
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Obediente ao neopragmatismo
petista em relação aos EUA que
busca arrancar vantagens econômicas e políticas para o Brasil, o
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), deverá apoiar o
eventual ataque norte-americano
ao Iraque caso o presidente George W. Bush toque no assunto, como prevêem os dirigentes do PT.
Segundo a Folha apurou, a posição do PT e de Lula deverá ser a
de referendar a guerra se ela tiver
a chancela da ONU.
Lula e Bush têm encontro marcado para a manhã de terça, em
Washington.
Nas conversas com as autoridades norte-americanas para preparar o encontro Lula-Bush, os petistas saíram convencidos de que,
independentemente do resultado
da missão da ONU de inspeção do
arsenal militar de Saddam Hussein, os EUA deverão guerrear,
sim, contra o Iraque.
A guerra contra o terror é a
prioridade número um da política externa norte-americana. A administração Bush diz ter provas
suficientes para justificar um ataque ao Iraque no primeiro trimestre de 2003.
Em relação ao Iraque, pesa ainda o interesse da indústria de petróleo dos EUA de tirar de Saddam Hussein, presidente do Iraque, e colocar em mãos de aliados
o controle das reservas petrolíferas do país.
Apoio genérico
Lula discutiu com a cúpula petista nos últimos dias qual será a
posição do partido se, na conversa de terça-feira de manhã, prevista para durar 40 minutos, Bush
pedir apoio à guerra. Um apoio
genérico em relação à luta contra
o terrorismo será solicitado de
qualquer maneira, avalia o comando petista.
Em conflitos anteriores nos
quais os EUA forçaram os ataques, a exemplo do que planejam
fazer agora, o PT teve posição
muito mais crítica.
Os petistas condenaram a forma como a Otan, a aliança militar
ocidental, bombardeou Kosovo
sem o devido aval do Conselho de
Segurança da ONU.
O PT também não deu apoio incondicional à guerra do Afeganistão (2001), quando as Nações
Unidas não ousaram, com exceção de alguns ruídos vindos da
China e da Rússia, dificultar a
ação norte-americana na Ásia
Central.
Historicamente, o partido também tem sido um crítico do que
chama de ação norte-americana
pró-Israel no Oriente Médio.
O PT sempre apontou os EUA
como uma nação belicista. Essa
visão imperava no partido até
pouco tempo atrás. Na campanha, Lula fez críticas dessa natureza a Bush. Em Washington, agora,
tentará evitá-las.
Pragmatismo
Todo esse cuidado do PT sobre
o tema EUA-Iraque se explica
porque o partido deseja mudar o
seu relacionamento e o do Brasil
com a maior potência do planeta
em nome do pragmatismo político e econômico.
Prevendo um início de mandato
difícil na economia, a meta imediata de Lula é conquistar ajuda
de Bush para aumentar as linhas
de crédito para as empresas privadas, bem como maior incentivo
do EUA aos organismos internacionais que financiam programas
sociais no Brasil.
"Crédito, crédito, crédito", diz o
deputado federal e senador eleito
Aloizio Mercadante (SP), ao falar
do lado econômico da agenda em
Washington. Secretário de Relações Internacionais do PT, ele estará na comitiva de Lula.
Há até a possibilidade de Bush
usar dinheiro do contribuinte
norte-americano para financiar o
Fome Zero, projeto petista de
combate à fome que é a anunciada prioridade social de Lula.
Na economia, a segunda prioridade do PT é aumentar as exportações brasileiras para os EUA.
Mercadante diz que o Brasil precisa triplicar suas exportações para
os Estados Unidos em oito anos.
Hoje, grosso modo, afirma ele, o
Brasil exporta cerca de U$ 30 bilhões para os norte-americanos.
Alca
O PT também buscará uma negociação bilateral entre os EUA e
o Mercosul, bloco comercial sul-americano que Lula pretende liderar e tirar de sua maior crise.
O objetivo é tentar conquistar
melhores condições para a adesão
do Brasil à Alca (Área de Livre Comércio das Américas, prevista para ser implantada em 2005). A negociação em bloco fortalecerá o
Brasil, crê o PT.
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