|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DATAFOLHA
Melhora a avaliação do Plano Real; para 57%, a situação econômica tem grande influência na definição do voto
Cresce a confiança, apesar da turbulência
OSCAR PILAGALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Aumentou o número de brasileiros que demonstram estar mais
confiantes em relação ao futuro
imediato da economia do país. É o
que revela pesquisa do Datafolha
realizada na sexta-feira.
O resultado da consulta parece
surpreendente por coincidir com
o fim de uma semana marcada
pela turbulência no mercado financeiro, com a disparada da cotação do dólar, a queda da Bolsa
de Valores e a desvalorização de
fundos de investimento. Mas a
maioria não é afetada diretamente por essas variantes.
A pesquisa teria captado mais
os efeitos da maior exposição do
pré-candidato tucano à Presidência da República, José Serra, que
se esforçou em defender a política
econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso.
A proporção dos mais otimistas
-que acham que a situação econômica do país vai melhorar-
subiu de 24% para 27%, embora
tenha ficado dentro da margem
de erro, que é dois pontos percentuais para cima ou para baixo. A
porcentagem dos pessimistas diminuiu de 33% para 28%.
O resultado intensifica a tendência registrada na pesquisa anterior, de dezembro de 2001.
A percepção do estado da economia é importante na definição
do voto para a maioria da população: 57% dizem que a influência é
grande; 22%, que é pequena.
A economia tem sido decisiva
em eleições presidenciais. Em
1992, quando Bill Clinton se elegeu presidente dos EUA, entrou
para a história uma frase de James
Carville, seu marqueteiro: "É a
economia, estúpido".
A sugestão era para que Clinton,
candidato de oposição, explorasse na campanha o mau momento
por que passava a economia dos
Estados Unidos.
Para citar um exemplo mais
próximo, o presidente Fernando
Henrique Cardoso foi eleito pela
primeira vez, em 1994, devido ao
sucesso do Plano Real.
Imagem do Real
A maior expectativa positiva é
consistente com a avaliação do
Plano Real, que foi um pouco melhor. Neste ano, a parcela dos que
consideram o plano bom ou ótimo pulou de 42% para 46%, enquanto a proporção dos críticos,
que acham o plano ruim ou péssimo, diminuiu de 21% para 17%.
O nível de aprovação do Plano
Real é, desconsiderada a margem
de erro, o mais alto desde o período que antecedeu a desvalorização da moeda, em janeiro de 1999.
Um mês antes chegara a 61%.
A pesquisa também identificou
melhora na perspectiva popular
em relação ao desemprego, inflação e poder de compra. Nos três
itens, o fundo do poço parece ter
sido atingido em meados do ano
passado. De lá para cá, tem havido
um pouco mais de esperança.
A curva é mais acentuada no caso do desemprego. Um ano atrás,
72% dos entrevistados acreditavam que o desemprego aumentaria. Eles tinham razão: no período, a taxa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
pulou de 6,4% da força de trabalho para 7,6% em abril, segundo o
último dado disponível. Agora, a
porcentagem dos que acham que
o desemprego ainda subirá passou para 56%.
Preços e compras
A hipótese da população sobre o
comportamento dos preços obedece ao mesmo padrão, de acordo
com os números do Datafolha. A
maioria continua prevendo inflação maior para os próximos meses, mas a proporção dos pessimistas se mantém em queda. Neste ano, a porcentagem diminuiu
de 63% para 58%.
Com mais pessoas acreditando
que a situação do desemprego e
da inflação não irá se deteriorar, é
natural que tenha havido melhora
na evolução da expectativa do poder de compra.
Foi de dez pontos percentuais a
redução da parcela dos que
acham o poder de compra vai diminuir: passou de 43% em dezembro do ano passado para
33%. Na outra ponta, a proporção
dos que acreditam que o poder
aquisitivo vai aumentar passou de
24% para 27%.
Renda insuficiente
A opinião mais favorável sobre
o estado geral da economia não
significa que o entrevistado se veja como beneficiário de uma
eventual melhora da situação.
É ilustrativo desse distanciamento o quadro com as respostas
sobre a avaliação da situação do
próprio entrevistado.
A proporção dos que acreditam
que vão melhorar economicamente diminuiu de 41%, em dezembro do ano passado, para
38%. Agora não são mais a maioria. A maioria relativa (41%, contra 37% na pesquisa anterior)
acha que tudo vai ficar como está.
Ainda que dentro da margem de
erro, os dois grupos inverteram a
posição. O número dos que
acham que a situação vai piorar se
manteve estável em 17% (era 18%
no final do ano passado).
A pesquisa Datafolha também
confirma que a grande maioria
continua tendo sérias dificuldades econômicas.
Somando-se a porcentagem dos
que dizem que o poder aquisitivo
da família não é suficiente (39%)
com os que afirmam que a renda
familiar é muito pequena (38%),
tem-se quase quatro quintos dos
entrevistados.
Pouco mais de um quinto dos
consultados (21%) responderam
que a família ganha exatamente o
que precisa para viver. E só 2%
têm mais do que o suficiente.
Texto Anterior: Candidatos embolam como 2ª opção Próximo Texto: Para 56%, Brasil pode virar Argentina Índice
|