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ELEIÇÕES 2008 / LEGISLATIVO
Vereadores detêm, juntos, bens no valor de R$ 33,8 mi em SP
Descontada a inflação, 25 vereadores tiveram um aumento
patrimonial desde 2004, e 18 disseram ter sofrido redução
Aurelio Miguel afirma que muitos declararam "imóveis na empresa" e por isso dizem ter empobrecido: "Ficaram pobrinhos e coitadinhos"
Luiz Carlos Murauskas - 26.jun.2008/Folha Imagem
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Sessão da Câmara Municipal de São Paulo em junho deste ano; 52 vereadores tentam a reeleição
RUBENS VALENTE
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 52 vereadores de São Paulo que tentarão a reeleição neste ano (a vereadora Soninha é
candidata a prefeita e dois outros vereadores não disputarão
a reeleição) têm um patrimônio médio de R$ 650 mil. Juntos, detêm R$ 33,8 milhões em
casas, participação em empresas, carros, jóias.
Já descontada a inflação no
período 2004-2008, 18 vereadores declararam ter sofrido
uma redução no patrimônio, 25
tiveram um aumento e três ficaram estacionados (dois deles
afirmaram não ter bem algum).
Sobre os outros sete não é
possível uma comparação porque, em 2004, eles apenas listaram seus bens sem lhes atribuir
valor -até então o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não havia definido uma ficha uniformizada de declaração de bens.
Distribuída pelo TSE pela internet, a atual ficha impede esse tipo de ocultação do valor
patrimonial. Ao mesmo tempo,
contudo, abriu espaço para declarações confusas. Alguns candidatos não identificaram corretamente, com nome e CNPJ
(Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica), as empresas das
quais disseram possuir cotas.
O vereador Agnaldo Timóteo
(PR) passou de R$ 415 mil declarados, em 2004, para R$ 1,04
milhão em 2008. Descontada a
inflação, um acréscimo de
103%. Sua maior aquisição foi
um ônibus de R$ 330 mil. Ele
contou ter tido a ajuda de um
"amigo empresário", cujo nome disse não poder revelar. "Eu
arrumei um cascalho emprestado com uma pessoa especial",
disse. "Depois que terminar a
eleição, vai ser o ônibus do cantor Agnaldo Timóteo."
Aurelio Miguel (PR) teve
crescimento real, descontada a
inflação, de 64% no patrimônio. "Se eu quisesse, faria como
muitos fizeram e que está dando decréscimo [de patrimônio].
Eu colocaria os imóveis na empresa e não aconteceria nada",
disse o vereador. "Alguns perderam patrimônio, ficaram "pobrinhos" e coitadinhos depois
que entraram na política."
Miguel disse ter recebido R$
250 mil de uma ação judicial
contra uma empresa de material esportivo, além de R$ 100
mil de aluguel de imóveis. Sua
declaração indica ainda um valor a ser recebido da empresa
MRV Engenharia, que seria
parte da venda de um terreno
por R$ 3 milhões, herança de
família. Na declaração de 2004,
o terreno aparecia com valor de
R$ 143 mil. Miguel explica que
essa foi a avaliação no final da
década de 1980, época em que
foi discutida a herança.
O vereador Milton Leite
(DEM) disse que acrescentou,
pela primeira vez na sua declaração, os bens em nome da sua
mulher, o que ampliou seu patrimônio com duas empresas,
de R$ 1 milhão ao todo. Ele tem
uma Mercedes de R$ 290 mil.
"Só as duas empresas que estão
no nome dela já dão essa diferença. Acho que tive um acréscimo mesmo de R$ 400 mil,
com meu trabalho", disse Leite.
Roberto Tripoli (PV) saiu de
um patrimônio de R$ 572 mil
(atualizado) em 2000 para R$
2,07 milhões neste ano. Ele declarou R$ 762,2 mil a mais na
comparação com 2004. Tripoli
vendeu um imóvel e também
declarou ter recebido R$ 111
mil em heranças. "Sempre
comprei e vendi imóveis."
A bancada de 12 vereadores
do PT teve aumento médio, já
descontada a inflação, de 60%
entre 2004 e 2008. Senival
Moura teve um salto de 189%,
chegando a R$ 339,5 mil.
Entre os oito vereadores do
PSDB em que foi possível fazer
a comparação entre 2004 e
2008, o crescimento médio foi
de 4%. Quatro deles (Adolfo
Quintas, Netinho, Mara Gabrilli e Tião Farias) declararam ter
diminuído o patrimônio. Juscelino teve aumento de 131%.
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