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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Políticos são "loucos", diz Marta em livro
Em publicação que será lançada hoje, petista afirma que "não há nada mais gostoso" do que governar com apoio da imprensa
Ao tratar de assuntos
privados, petista diz
que repercussão de sua
separação a transformou
na "megera da história"
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO
Os políticos são "apenas loucos" e escondem o que passa
por suas cabeças. E "não há nada mais gostoso" do que governar com o apoio da imprensa.
Essas são algumas das reflexões contidas nas 216 páginas
do livro "Minha Vida de Prefeita", que Marta Suplicy (PT) lança hoje em São Paulo.
Com 24 páginas ilustradas, o
livro -editado pela Agir- é um
relato da candidata petista sobre a sua gestão (2001-2004)
na cidade e a sua passagem pelo
Ministério do Turismo (2007-2008), mas traz considerações
particulares, como as que tratam da separação do senador
Eduardo Suplicy (PT) e o casamento com o franco-argentino
Luis Favre.
"Ninguém me defendeu.
Eduardo mostrou seu sofrimento em público e eu remoí
minhas aflições em particular.
Com isso, tornei-me a megera
da história."
A versão de Marta para o período em que ocupou a Prefeitura de São Paulo é centrada
em obras de sua gestão como a
construção dos CEUs (Centro
Educacional Unificado). "Talvez houvesse gente tão apaixonada pela idéia quanto eu. Mais
do que eu, duvido", escreve,
usando um chavão bastante repetido pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para tratar
de diversos assuntos.
Em vários trechos do livro, a
petista faz críticas à gestão que
a sucedeu, hoje comandada por
Gilberto Kassab (DEM), e a Geraldo Alckmin (PSDB).
Na parte das fotos, há imagem da construção do hospital
Tiradentes, iniciada em sua
gestão. A entrega do hospital é
um dos principais pontos da
campanha de Kassab.
Marta nega que a publicação
tenha relação com a eleição,
que acontece daqui a 25 dias.
Na parte em que tece comentários sobre temas genéricos, a
petista relata não gostar de ser
chamada de "dona Marta"
-"Um equivalente para a política ao "dona Maria" que as mulheres ouvem no trânsito"- ,
diz ter se surpreendido nos primeiros dias de governo com a
comida fria do Palácio das Indústrias, antiga sede do governo, e faz críticas à imprensa,
reunidas, entre outros, no capítulo "A Busca da Má Notícia".
"Nos primeiros seis meses,
experimentei (...) a felicidade
de ter a imprensa a favor -não
há nada mais gostoso do que
governar com apoio."
Mas por fazer, em seu relato,
um governo "muito mais de esquerda do que eles imaginavam", o suposto apoio foi retirado. Entre outros exemplos,
ela cita viagem que fez a Milão
dias antes de a cidade sofrer
com as enchentes. "O mundo
desabou nas minhas costas,
embora eu tivesse uma agenda
de assuntos de interesse da cidade [em Milão]", escreve Marta, acrescentando: "Meses depois eu li, bem pequenininho
no jornal, a notícia de uma viagem do prefeito [José] Serra
[PSDB] ao exterior durante as
enchentes. Nenhum comentário e nenhum jornalista indo fazer plantão na porta do hotel".
Quando faz a definição dos
políticos, Marta diz que "ninguém é vítima, são apenas loucos". "Um psicanalista busca a
verdade, um político precisa esconder o que pensa até o momento em que for do seu interesse saberem o que lhe passa
pela cabeça. (...) Na política, falar demais pode produzir um
dano maior. Ainda escorrego."
O livro fala ainda das taxas.
"Teria feito diferença seguir a
recomendação de Maquiavel
(...): de duas notícias, é melhor
dar primeiro a ruim e guardar a
boa para o final. Poderíamos ter
lançado primeiro as taxas do lixo e da luz e, depois, oferecer o
alívio da redução do IPTU".
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