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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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"Mercadante sabe que a palavra econômica é do Palocci"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao comentar as declarações recentes sobre juros e câmbio do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e do ministro Luiz Roberto Furlan (Desenvolvimento), Luiz Gushiken é duro. As declarações contrariaram o presidente Lula.
"Sempre digo que há duas premissas importantes que devem ser levadas em conta no governo. Uma é o princípio cristão que diz: "Não mintas". A outra é um princípio budista que diz: "Não mintas, mas não reveles a verdade em momento inoportuno'", diz.

Folha - Qual a razão das críticas do Mercadante à política econômica? Em apenas uma semana, ele pediu controle de capital volátil, intervenção no câmbio se o dólar cair para menos de R$ 2,80, política fiscal anticíclica, queda imediata dos juros. São idéias dele ou vazamentos de reuniões e planos do núcleo do governo?
Gushiken -
Não há dúvida para o Mercadante, não há dúvida para ninguém: a palavra econômica definitiva de quem exercita poder de governo é do Palocci.

Folha - As críticas do Mercadante e do ministro Furlan (este criticou o dólar a menos de R$ 3) não atrapalham o trabalho do Palocci? Falaram demais?
Gushiken -
Há duas premissas importantes que devem ser levadas em conta no governo. Uma é o princípio cristão que diz: "Não mintas". A outra é um princípio budista que diz: "Não mintas, mas não reveles a verdade em momento inoportuno". Em algumas questões muito sensíveis, não é prudente que ministros e membros do governo utilizem da sua retórica. Nesse sentido, talvez fosse mais prudente que a palavra fosse dita em hora mais oportuna.

Folha - O sr. tem fama de influência parda, atuando em várias áreas, como curinga.
Gushiken -
Não me vejo como iminência parda. Um governo funciona com reuniões regulares. Eu participo de algumas. O presidente insiste na idéia de que a ação interministerial é vital. Grande parte do sucesso do presidente é saber juntar as partes.

Folha - O sr. foge da imagem de interventor. Assustou outros ministros com essa idéia do Núcleo de Assuntos Estratégicos?
Gushiken -
Interventor não existe. O núcleo é órgão de ajuda direta ao presidente.


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