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Lula diz que Vavá é ingênuo, mas não esclarece "bronca"
Presidente afirma que não cabe a delegado da PF passar informações à imprensa
Em entrevista na noite de ontem, Lula chama Vavá de "lambari" e não tira dúvidas
sobre advertência feita a ele por outro irmão, Frei Chico
CATIA SEABRA
ClAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a defender seu irmão mais velho,
Genival Inácio da Silva, o Vavá.
Criticando a atuação da Polícia
Federal, o presidente chegou a
duvidar que Vavá tenha feito
lobby "na vida". Lula não esclareceu, porém, por que outro irmão deles, Frei Chico, advertiu
Vavá em 20 de maio sobre uma
"bronca" relacionada a atividades dele em Brasília e disse que
o presidente queria vê-lo.
Chamando os investigados
de vítimas, Lula condenou informações saídas da PF, que na
semana passada indiciou Vavá
ao deflagrar a Operação Xeque-Mate, contra um esquema de
bingos e caça-níqueis. "Esse
processo é sigiloso, me parece,
só para quem é vítima. Aos
olhos do mundo, a imprensa
parece que recebe uma informação primeiro que o juiz,
quem sabe até antes que o Ministério Público", atacou.
O presidente atribuiu o vazamento de informações à disputa política dentro da Polícia Federal. "Na medida em que a PF
é uma instituição que tem um
poder enorme, aumenta a responsabilidade. Não é possível
que haja problemas internos
dentro da PF, e esses problemas internos tenham como vítima o trabalho legal que ela
faz", declarou.
Após afirmar que o papel do
delegado é investigar e passar
as informações para o Ministério Público, acrescentou: "Não
cabe ao delegado passar para a
imprensa. O que tenho percebido é que, dependendo se houver briga política, as pessoas
vão pingando para um jornal
uma coisa, para outro jornal
outra coisa".
Segundo Lula, a PF, ao pedir
quebra de sigilos telefônicos,
"se prepara para encontrar um
cardume de pintados". "O Vavá,
nessa história, me parece mais
um lambari que foi pego. Qual é
a vantagem? É um lambari especial porque é irmão do presidente", disse ele, acrescentando, porém, que, como qualquer
cidadão brasileiro, o Vavá, na
hora que comete um erro, tem
de pagar.
As declarações foram dadas
em uma tumultuada entrevista
que começou às 19h20 em um
hotel de Guarulhos, antes da
abertura do 7º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da
CUT.
Ainda na entrevista, Lula repetiu-se na defesa de seu irmão
mais velho. "Se vocês conhecerem o Vavá, ele está mais para
ingênuo do que para lobista."
Questionado se havia recomendado que Frei Chico repreendesse Vavá, limitou-se a
dizer que visitara o irmão mais
velho . "Fui ao Vavá faz mais ou
menos 15 dias. Achei o Vavá um
pouco abatido. Achei, na verdade, ele envelhecido. Fui visitar
ele e mais duas irmãs. A próxima vez que eu for a São Paulo
vou visitá-lo outra vez", disse o
presidente.
Para constestar a acusação
de lobby, Lula desafiou: "Quero
saber se há algum atendimento,
se há alguma coisa do Vavá em
algum órgão do governo". Fez
uma ressalva e a seguir, outra:
"Obviamente que aqui pode estar a paixão de um irmão. Mas
eu conheço ele há 61 anos. Duvido. Não acredito".
Sobre o telefonema entre
Frei Chico e Vavá, afirmou apenas: "O Frei Chico conversou
com o Vavá. Quero mais que
conversem. São irmãos, têm
mais que conversar".
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