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Dentista recupera bens levados na Satiagraha
Bibancos prepara ação por danos morais contra PF
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um mês e cinco dias depois
de deflagrada a Operação Satiagraha, em que foi confundido
com um doleiro, o dentista Fabio Bibancos, 45, conseguiu ontem, pela primeira vez, pôr para
funcionar dois computadores e
sete discos rígidos apreendidos
por agentes da PF que buscavam provas de um suposto envolvimento dele em crimes
contra o sistema financeiro.
A devolução dos equipamentos e da agenda pessoal de Bibancos foi autorizada pelo juiz
federal substituto Márcio Rached Millani. "Observo que Fabio Bibancos não foi denunciado. Também não restou comprovada a participação do Instituto Bibancos de Odontologia, da Escola do Pensamento
em Saúde e da ONG Turma do
Bem [projetos sociais e culturais animados pelo dentista]
nos ilícitos em apuração", escreveu o juiz no despacho datado de 1º de agosto.
A Operação Satiagraha, que,
entre outros, prendeu o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o
investidor Naji Nahas e Daniel
Dantas, atingiu Fabio Bibancos
na manhã do dia 8 de julho.
Na ocasião, agentes da PF invadiram, metralhadoras em
punho, o consultório, a ONG e a
escola, que funcionam em prédios anexos, na Vila Mariana
(zona sul de São Paulo). O dentista, ainda de pijama, insistia
em dizer que no local não funcionava escritório de doleiro.
Apontava para os equipamentos odontológicos da clínica e jurava que não era a pessoa
procurada -"Sou o Fabio Bibancos. Sou dentista. Não sou
doleiro." Não adiantava.
Foi o juiz federal Fausto De
Sanctis que autorizou a ação no
consultório, depois que a PF informou-lhe terem sido "realizadas diversas vigilâncias" no
local, que levaram aos seguintes apontamentos: "[Tem] diversas características relacionadas à segurança (altos muros, guarita com segurança, câmeras de vigilância) que, em tese, seriam incompatíveis com
as atividades desenvolvidas por
ONG, havendo, assim, suspeitas de que poderia ser utilizado
como "fachada" para atividades
ilegais de câmbio".
No dia seguinte à ação, Bibancos se defendeu: "Eu não
teria muros altos ou câmeras de
vigilância se vivêssemos em um
país seguro". O dentista tem
uma ação engatilhada contra a
PF por danos morais. Também
pedirá o ressarcimento dos gastos que teve com a recuperação
de portas e janelas destruídas.
Luci Montejane, 44, coordenadora da Turma do Bem, que
dá atendimento dentário gratuito a 6.000 crianças carentes
do país, diz que "uma das piores
conseqüências da operação foi
o constrangimento de ter de explicar o surrealismo da situação". Segundo ela, cerca de 300
crianças, que seriam enviadas
para dentistas voluntários, tiveram de adiar por ao menos
um mês o início do tratamento.
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