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Delegado diz ter provas contra Paulinho
Ao depor na Câmara, Rodrigo Levin afirma que deputado atuou em fraude; conselho vê inquérito "fraco"
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O delegado da Polícia Federal Rodrigo Levin disse ontem,
no Conselho de Ética da Câmara, que tem provas da participação do deputado Paulo Pereira
da Silva (PDT-SP) no esquema
de desvio de recursos do
BNDES.
O delegado irá enviar, na próxima semana, ao Supremo Tribunal Federal o relatório final
da Operação Santa Tereza, no
qual irá sugerir que o deputado
seja denunciado por formação
de quadrilha, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema
financeiro. Paulinho não quis
falar sobre o assunto ontem.
O depoimento de Levin foi
dado a portas fechadas, sem a
presença da imprensa. Segundo relatos, em cerca de três horas e meia, o delegado informou
aos deputados que as provas
colhidas comprovam a participação de Paulinho no esquema,
uma vez que há relação entre o
que foi captado nas escutas telefônicas, na investigação e nos
depósitos identificados na conta da ONG Meu Guru.
Segundo a denúncia apresentada pelo PSOL, no relatório
parcial da Polícia Federal, Paulinho é acusado de ter recebido
propina de R$ 325 mil para intermediar empréstimo de R$
124 milhões do banco de fomento para a Prefeitura de
Praia Grande (SP).
O depoimento, no entanto,
não agradou à maioria dos deputados. Os conselheiros consideraram que o delegado não
apresentou provas novas, apenas sua convicção dos fatos.
"Tenho convicção de que a Polícia Federal grampeia todos
nós, mas não tenho prova disso
e não posso sair acusando a
PF", criticou o deputado Sérgio
Brito (PDT-BA), durante a sessão reservada.
Problemas
Segundo os deputados, diante da cobrança por provas, o delegado teria afirmado que enfrentou dificuldades na investigação. "Ele disse que não tinha
dinheiro, que era difícil até
mesmo convencer o agente a
vir a Brasília para seguir as pessoas", afirmou o deputado Mário Heringer (PDT-MG).
"O inquérito é muito fraco e o
delegado, inseguro. Em momento nenhum ele apresentou
provas contra o Paulinho. Ele
não apresentou nada", disse o
deputado José Carlos Araújo
(PR-BA).
Informado de que vários
congressistas já anteciparam
que irão absolver Paulinho por
falta de provas, o delegado afirmou: "Cada um tem a sua interpretação".
O conselho aprovou ontem o
adiamento do fim da investigação por mais 90 dias.
Com isso, o relator, deputado
Paulo Piau (PMDB-MG), poderá entregar seu parecer até o
dia 15 de dezembro, quando o
Congresso estará entrando de
recesso.
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