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NO DIVÃ
Diretório Nacional do PT decide hoje se expulsa senadora e 3 deputados
Direção petista espera que
68% votem contra radicais
FLÁVIA MARREIRO
VIRGILIO ABRANCHES
DA REDAÇÃO
Se depender das contas da Secretaria de Organização Nacional
do PT, os chamados radicais estão
com as horas contadas dentro do
partido. De acordo com números
divulgados pelo secretário Silvio
Pereira, 68% do Diretório Nacional deve votar, hoje, a favor do relatório da Comissão de Ética que
pede a expulsão da senadora Heloísa Helena (AL) e dos deputados
federais Babá (PA), Luciana Genro (RS) e João Fontes (SE).
O número é uma estimativa feita por Pereira entre as tendências
internas do partido. Dados absolutos são impossíveis de obter
com antecedência porque a votação é secreta e existe a possibilidade de algum membro, entre os 83
integrantes do diretório, não
comparecer ao segundo dia de
reunião. Para que o relatório seja
aprovado, é necessária a metade
dos votos mais um.
A lista na qual Pereira se baseia
para fazer a estimativa é dividida
entre as correntes do partido. Segundo o secretário, o campo majoritário, que engloba correntes
como a Articulação e a Democracia Radical -que têm como principais representantes o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e José
Genoino, respectivamente-, fechou posição e deve votar pela expulsão. A tendência conta com
52% dos integrantes do diretório.
Outra ala do PT que deve optar
pela saída da senadora e dos deputados é o chamado centro,
constituído pelas correntes Movimento PT, PT de Luta e de Massa
e Socialismo Democrático. Unidas, essas correntes representam
mais 16% dos votos.
Contra a expulsão de Helena,
Luciana, Babá e Fontes ficaram,
ainda de acordo com Pereira, as
alas à esquerda dentro do partido:
a Democracia Socialista, a Articulação de Esquerda, a Força Socialista e a tendência O Trabalho, que
chegam a 32% da composição do
Diretório Nacional.
Os chamados radicais do PT começaram a demonstrar incompatibilidade com a ala dominante do
partido já durante as eleições de
2002 e, nas votações das reformas,
praticamente selaram sua saída.
"O ônus e o bônus"
Desde que Helena e seus companheiros da Câmara passaram a
não apenas dar declarações contra o governo, mas também a agir
como oposição, o embate dentro
do PT tem sido duro.
O presidente do partido, José
Genoino, desde então vem argumentando que a expulsão é uma
maneira de manter no PT uma
"unidade partidária". Para Genoino, o partido fez de tudo para que
a situação não chegasse aonde
chegou. Em outubro, ainda antes
da votação das reformas no Senado, advertiu: "Tudo na vida tem o
ônus e o bônus. Se a senadora
[Helena] acha importante permanecer no PT, que siga a disciplina
partidária. Os outros deputados
[Babá, Luciana e Fontes] estão
praticamente fora". O presidente
do PT chegou a afirmar que os radicais haviam feito uma opção
"pela ruptura".
Posição rígida também foi a
adotada pelo secretário Silvio Pereira anteontem, mesmo diante
de manifestações de apoio e do
choro de Heloísa Helena. "Não
tem vítima nessa história. Esse é
um partido que tem direção e estatuto", disse. Pereira é o autor do
pedido de abertura do processo
contra os chamados radicais.
Hoje, antes da votação, a direção de Ética do PT vai apresentar
o relatório a favor da expulsão.
Cada um dos acusados terá 15 minutos para se defender. Pereira
também falará por 15 minutos.
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