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CAIXA PETISTA
Tesoureiro do partido deve deixar o cargo aos poucos; justificativa será candidatura por Goiás em 2006
Governo e PT já articulam saída de Delúbio
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo e a cúpula do PT já
articulam a saída de Delúbio Soares da tesouraria do partido no
próximo ano. A justificativa será o
lançamento de uma candidatura
dele a senador ou a deputado federal (mais provável) por Goiás
em 2006.
A saída de cena de Delúbio, já
acertada por ele com o ministro
José Dirceu (Casa Civil) e com o
presidente do PT, José Genoino,
será feita aos poucos, até porque o
partido e o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva gostam dele e reconhecem a importância de seu papel nas eleições de 2002.
Delúbio coordenou as atividades de arrecadação de recursos
em 2002. Foi o membro da cúpula
do partido que se expôs mais. No
início do governo Lula, Delúbio
foi mantido no posto.
Sua missão era reorganizar as finanças do PT e melhorar a estrutura do partido, como o aluguel
de uma grande e moderna sede
em Brasília, bem como preparar o
esquema de arrecadação de recursos do partido para as eleições
municipais.
Desde então, Delúbio passou a
freqüentar o Palácio do Planalto,
especificamente a Casa Civil, e a
falar diretamente com os escalões
superiores dos ministérios. Publicamente, ele admitiu encaminhar
pleitos que considerou justos e
nunca escondeu sua forte relação
com o chefe da Casa Civil.
No entanto, dois episódios recentes levaram Lula a concluir
que Delúbio perdeu credibilidade
para a função de tesoureiro e que
pode virar uma espécie de alvo
freqüente do governo.
Alvo e imagem
O primeiro episódio foi a sua
participação no caso em que o
Banco do Brasil comprou ingressos para 70 mesas, a R$ 1.000 cada
uma, para um show da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano em um restaurante de Brasília.
A renda seria revertida para a
compra de uma nova sede nacional para o PT em São Paulo.
Henrique Pizzolato, diretor de
Marketing do Banco do Brasil, foi
o responsável pela compra dos ingressos. Ele chegou ao posto por
indicação de Delúbio e de Dirceu.
Em 2002, Pizzolato participou do
comitê financeiro da campanha
de Lula à Presidência.
Após fortes críticas da oposição
e até mesmo de petistas, a compra
da nova sede do PT, no bairro do
Paraíso, zona nobre de São Paulo,
é incerta. O presidente do PT, José
Genoino, disse: "O PT não tem dinheiro para pagar a sede. Estamos
fazendo uma campanha para arrecadar [fundos]. Não sei se teremos condições para isso [a compra] no curto prazo".
O segundo episódio, revelado
pelo jornal "O Globo", referiu-se à
compra de terras para familiares
de Delúbio no sul de Goiás em dinheiro vivo. O tesoureiro deu explicações que o governo e o partido consideraram satisfatórias,
mas a imagem de Delúbio foi afetada. Membros da cúpula do governo já conversaram com empresários que disseram temer se
encontrar com Delúbio e ter seus
nomes divulgados na imprensa
de forma negativa.
Ou seja, colou em Delúbio uma
imagem que é prejudicial ao governo, ao partido e a ele. O partido
e o governo, porém, estão dispostos a defender a imagem de Delúbio para não parecer que há uma
espécie de confissão de culpa.
Genoino afirmou que o PT interpelará judicialmente quem
comparar Delúbio a PC Farias, tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Collor,
que caiu por acusações de corrupção feitas a ele e a PC, comparou
Delúbio a seu tesoureiro. Disse
que o petista agia de forma mais
"abrangente".
Delúbio respondeu: "O Brasil
inteiro conhece o ex-presidente.
Não vou polemizar com ele".
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