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NEW STARS
Na cidade, reduto de brasileiros no EUA, dirigentes adotam estilo informal, andando de camionete e falando português
PT vai a Nova York buscar voto de imigrantes
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Depois de dez anos tentando
entender os signos, linguajar e
hábitos muito peculiares do brasileiro-no-poder, a intelligentzia
nova-iorquina agora está tendo
de se acostumar com um novo
tipo: o petista-que-pode-ganhar,
alçado ao primeiro plano por
conta das pesquisas eleitorais do
candidato majoritário, Luiz Inácio Lula da Silva.
São duas tribos diferentes, a segunda mais exótica para o americano médio do que a primeira,
como se pode depreender de visita oficial de uma comitiva do
partido que acontece na cidade
desde a última sexta, liderada pelos prefeitos João Fassarella, de
Governador Valadares (MG), e
Pedro Wilson, de Goiânia (GO).
O motivo da visita é claro: a região de Nova York é um dos
principais destinos dos brasileiros nos EUA e reúne algo entre
300 mil (estimativas oficiais) e 1
milhão de imigrantes, a maioria
ilegal. Acontece que o último cadastramento do Consulado bateu recorde de inscritos para votar em outubro: 10 mil pessoas.
Além disso, estima-se que há
pelo menos 40 mil valadarenses
no país, a maioria também ilegal,
mas cujos envios de dólares para
familiares respondem pela
maior parte da riqueza da cidade
mineira, montante calculado em
algo como US$ 4 milhões/mês.
Assim, acompanhados por assessores e pelo secretário de assuntos institucionais do Partido,
Vicente Trevas, os políticos desembarcaram na manhã de anteontem para uma tour pela região, que incluirá ainda visitas a
Boston e Nova Jersey. O aeroporto, JFK, é o mesmo frequentado por nomes como o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e o ministro da Economia, Pedro Malan.
Mas as semelhanças param aí.
Primeiro, os carros à espera: o
governo anda de limusine preta,
geralmente um Lincoln Town
Car; a oposição se locomove numa camionete e não raro toma
táxis. Enquanto a equipe econômica anda de ternos bem cortados, a outra vem com o que tiver.
O encontro inicial do governo
com a imprensa costuma acontecer nas instalações do prédio
que abriga o restaurante Le Cirque 2000 da Madison Avenue,
um dos mais caros da cidade,
US$ 200 a refeição a dois. O primeiro encontro dos prefeitos
aconteceu no bar e club Why
Not?, na periferia, muito frequentado pelos brasileiros do
Astoria.
Até mesmo a linguagem difere.
Malan e Fraga discursam em inglês, os petistas dão trabalho à
tradutora simultânea na hora de
traduzir expressões para ela
enigmáticas como "a companheirada" e "nós passamos da
condição de pedra para vidraça".
Mudança de tratamento
O tratamento dos acadêmicos
também mudou. De repente, o
PT é moda.
O professor Mauricio Font, um
dos maiores entendedores de
Brasil nos EUA, comandou o encontro com cerca de 20 estudantes promovido na tarde de sexta-feira pelo Bildner Institute na
Universidade de Nova York.
Ao apresentar Pedro Wilson,
Vicente Trevas e Roque da Silva
(assistente de Aloizio Mercadante), Font fez questão de dizer que
também ele estava lá, em São
Paulo, quando Lula foi preso pelo regime militar, em 1979. "Vi o
PT começando a nascer", disse,
cheio de orgulho e esperança.
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