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PT SOB SUSPEITA
Roberto Wider Filho, que atuou no caso, diz que grupo político usou comissão para defender "quadrilheiros"
Promotores criticam CPI de Santo André
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Promotoria criminal e as testemunhas do suposto esquema de
corrupção ligado à Prefeitura de
Santo André criticaram duramente o trabalho dos vereadores
da CPI. Disseram que o relatório
final, entregue na última quarta-feira passada, serviu para "defender um grupo quadrilheiro".
No relatório de seis meses de
trabalho, transcrito em cerca de
12 mil páginas, os cinco vereadores da CPI concluíram pela inexistência de um esquema de cobrança de propina e sugeriram uma
investigação nas empresas de
transporte urbano da família de
Rosângela Gabrilli, uma das principais testemunhas do caso.
A empresária, em depoimento à
Promotoria, acusou o vereador
Klinger Luiz de Oliveira Souza
(PT), secretário afastado de Serviços Municipais, e outros cinco
empresários de cobrarem R$ 40
mil por mês para que ela pudesse
atuar no setor de transporte público da cidade.
"Um grupo político [de Santo
André" utilizou um instrumento
forte e consagrado do Poder Legislativo, que é a Comissão Parlamentar de Inquérito, para defender um grupo de quadrilheiros que atuava na prefeitura",
afirmou o promotor criminal
Roberto Wider Filho, um dos
responsáveis pela investigação.
Para Wider Filho, os vereadores que estudaram os documentos e ouviram as testemunhas e
os investigados só poderiam chegar a uma única conclusão: "de
que realmente houve a cobrança
de propina", afirmou.
"Não sei se por vontade própria ou alheia -isso eu não poderia dizer- mas os vereadores
atuaram na produção de provas
de defesa para uma organização
criminosa. É a primeira vez que
vejo isso acontecer em uma
CPI", disse Wider Filho.
Empresária
Procurada pela Folha, Rosângela Gabrilli disse que o resultado da CPI não a surpreendeu.
"Confio apenas no trabalho do
Ministério Público e da Justiça. É
um juiz que tem de decidir se as
provas existem ou não, e isso um
juiz já fez ao aceitar a denúncia
[acusação formal]", afirmou a
empresária.
A denúncia oferecida pelo Ministério Público em maio deste
ano foi aceita em primeira instância. Além do vereador, os empresários Sérgio Gomes da Silva,
Ronan Maria Pinto, Irineu Nicolino Bianco, Humberto Tarcísio
de Castro e Luiz Marcondes de
Freitas Júnior foram denunciados por formação de quadrilha e
extorsão.
No dia 5 de novembro, o Tribunal de Justiça anulou a decisão
judicial de primeira instância
por entender que a Promotoria
deveria ter ouvido os citados antes do oferecimento da denúncia
à Justiça.
A investigação voltou para as
mãos dos promotores, que deverão ouvir todos os citados, provavelmente em janeiro, para depois oferecerem uma nova denúncia.
Consciência tranquila
"Não sofri nenhuma pressão
ou influência em meu trabalho.
Agora, se a cobrança de propina
não deixa recibo, não seremos
nós, os vereadores, que iremos
assinar esse recibo", afirmou o
relator da CPI, o vereador Donizeti Pereira (PV).
"Dentro do meu limite humano, estou com a consciência
tranquila", completou.
O vereador voltou a afirmar
que o fato de os cinco membros
da CPI pertencerem à base de
sustentação da administração
municipal petista não interferiu
no resultado final dos trabalhos.
"Quando comecei a investigar,
não tinha nenhuma opinião fechada. Ouvimos todas as pessoas
e analisamos todos os documentos. Nosso trabalho foi o melhor
possível", afirmou Pereira.
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